Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2013, conduzida pelo IBGE e Ministério da Saúde, investigou diversos fatores de risco e proteção à saúde dos adolescentes em mais de 100 mil adolescentes escolares do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de todo o território brasileiro. Os dados levantados na PeNSE revelaram que 28,7% já tiveram relação sexual alguma vez.
Meninas que iniciam atividade sexual muito jovem são mais propensas a se envolver com parceiros mais velhos e não utilizar proteção, o que torna maior o risco de gravidez e DST. São maduras do ponto de vista biológico, porém, sob a ótica emocional e cognitiva, ainda estão despreparadas. A orientação nessa fase é mais difícil: ela pode ficar constrangida ou amedrontada de falar de suas vivências e expor suas dúvidas. Com o tempo, a frequência de relações sexuais aumenta. No entanto, as decisões são repentinas e as repercussões percebidas somente em longo prazo, após o ato. Na adolescência tardia, apesar de manter um comportamento mais impulsivo, são mais capazes de assimilar a importância da prevenção.
Dr. Benito Lourenço, membro do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo, explica que o uso de preservativos está em crise na adolescência, o que seria o fenômeno da “fadiga do preservativo”. “Talvez os adolescentes já não se assustem mais, embora ainda contabilizem índices alarmantes relacionados à questão. Como não visualizaram seus efeitos devastadores, nem tiveram tanta proximidade, acreditam estar imunes ou distantes desse tipo de ocorrência. É fundamental orientar o jovem, sem uma abordagem diferente de gênero, pois a responsabilidade é sempre dos dois” explica.
Além de não demonstrar medo das DSTs, Dr. Benito afirma que fatores como a falta de informação e de profissionais que reforcem a importância em adotar métodos seguros de contracepção e para evitar doenças também contribuem para o descuido com a prevenção. “Existe uma dificuldade de a sociedade reconhecer que o adolescente é um sujeito de direito sexual e reprodutivo, portanto, merece orientação e proteção contraceptiva, como a população adulta. O assunto ainda é tabu nas casas e quando discutido nas escolas, é tardio e focado apenas na biologia da gravidez e não em uma questão de direitos e decisões”, alerta.
Os pais também têm grande responsabilidade na orientação de seus filhos sobre o assunto. A discussão em torno do início da vida sexual ainda é tabu em muitas famílias – pelos pais, que se sentem despreparados, e pelos adolescentes, assustados e receosos com suas primeiras vivências. É preciso superar o constrangimento de ambas as partes a fim de discutir as implicações de um bebê não planejado e, pior ainda, de uma doença, muitas vezes, incurável.
“Prevenir gravidez na adolescência é um processo complexo e dinâmico e, não há dúvidas de que adolescentes, com acesso a uma fonte confiável de informações, aconselhamento e apoio, estarão melhor capacitados ao exercício mais saudável e responsável da sexualidade”, conclui o hebiatra.
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Texto produzido pela assessoria de imprensa da SPSP.
Publicado em 08/09/2016.
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