Existe fibromialgia em crianças?

Existe fibromialgia em crianças?

dreamstime_xs_21560984O que é Fibromialgia?

Fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dores em todo o corpo por mais de três meses, além de alterações do sono e fadiga, o que dificulta as atividades do dia a dia.

No caso das crianças e adolescentes, a fibromialgia pode atrapalhar as brincadeiras, a convivência familiar e a atividade escolar, comprometendo a qualidade de vida das crianças e de seus familiares.

A fibromialgia já é conhecida na população adulta onde pode afetar até 5% da população mundial. Ocorre predominantemente em mulheres, inclusive na faixa etária pediátrica, onde cerca de 75% dos pacientes são meninas. Em um estudo americano, encontrou-se que 25% dos pacientes adultos com fibromialgia iniciaram os sintomas ainda na infância e não foram diagnosticados na ocasião. Ocorre mais frequentemente em adolescentes, embora já tenha sido descrita em crianças de 2 a 6 anos de idade. Um estudo israelense encontrou que 6,5% das crianças e adolescentes em idade escolar apresentavam os sintomas da fibromialgia.

Causas
Sabemos que há uma predisposição familiar para a fibromialgia. Um estudo realizado em um serviço de reumatologia pediátrica em São Paulo encontrou que 71% das mães de crianças acompanhadas por fibromialgia também apresentavam a síndrome.

Não se sabe a causa da fibromialgia, porém, fatores como traumas emocionais, estresse e ansiedade estão relacionados com o início dos sintomas, em crianças predispostas e com baixo limiar de dor. São crianças em que o organismo interpreta e responde ao estímulo doloroso com maior intensidade e duração.

Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, ou seja, realizado através dos dados contados ao médico e do exame físico do paciente realizado durante a consulta médica. Ainda não existe um exame laboratorial para o diagnóstico. Sendo assim, não é necessária a realização de exames de sangue ou de imagem para confirmação.

Tratamento
O tratamento da síndrome de fibromialgia na faixa etária pediátrica é baseado principalmente em técnicas não farmacológicas. O uso de medicações como analgésicos comuns ou anti-inflamatórios não hormonais não apresentam boa resposta.

Apesar destas crianças e adolescentes apresentarem intolerância ao exercício físico, é fundamental a realização de atividade física regular por, pelo menos, 45 a 50 minutos, 3 a 5 vezes por semana. A atividade física regular diminui a sensibilidade à dor devido à liberação de endorfina (analgésico natural) no organismo, diminui a ansiedade e melhora a qualidade do sono. A atividade física deve ser prazerosa, o que facilita a aderência e auxilia no tratamento. No início o paciente pode queixar-se de piora da dor, porém, deve ser estimulado a persistir para obter melhora.

A psicoterapia, em especial a terapia cognitivo comportamental (um tipo de psicoterapia que utiliza estratégias e técnicas com o objetivo de reinterpretação de uma emoção negativa), tem um papel importante no tratamento destes pacientes. Terapias alternativas como a acupuntura apresentam respostas positivas em alguns casos.

Uma vez reconhecida e tratada, geralmente a fibromialgia em crianças e adolescentes evolui bem. Sabemos que a dor sentida é intensa e real e que, para o sucesso do tratamento, o paciente e sua família devem estar envolvidos e comprometidos.

Links para consulta:
http://www.reumatologia.com.br/
http://www.fmnetnews.com/
http://www.myalgia.com/

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Relatores:
Dra. Maria Carolina Santos
Dra. Melissa Mariti Fraga
Dra. Cássia Maria Passarelli Lupoli Barbosa
Departamento Científico de Reumatologia da SPSP (2013-2016)

Publicado em 08/01/2014.
photo credit: | Dreamstime.com

Este blog não tem o objetivo de substituir a consulta pediátrica. Somente o médico tem condições de avaliar caso a caso e somente o médico pode orientar o tratamento e a prescrição de medicamentos.

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