Adaptado do texto elaborado pelo “Children’s Hospital and Regional Medical Center, Seattle, WA”, 2007.
Diagnóstico/ sintoma |
História / exame físico |
Encaminhar quando |
Dermatomiosite, fraqueza muscular | Anamnese: perguntar sobre rash cutâneo, fotosensiblidade, fraqueza, dificuldade para deglutir, fadiga e dor abdominal. Exame físico: rash, fraqueza proximal, vasculite peri-ungueal, artrite, risco de aspiração, vasculite GI. Laboratório: enzimas musculares. |
Alterações de laboratório, fraqueza muscular. Internar se dificuldades de deglutição, fraqueza grave ou dor abdominal. |
Febre de origem obscura | Anamnese: padrão e duração da febre, associada a rash e perda de peso entre outros. Fazer curva térmica. Perguntar de história familiar. Exame físico: considerar infecções, malignidade, doença inflamatória intestinal, além de doenças reumáticas e síndromes febris periódicas. Laboratório: Hemograma, ANA, VHS, PCR, TGO, albumina, DHL, ácido úrico, uréia, creatinina, urina, hemocultura, PPD, sangue oculto nas fezes, RX de tórax e seios da face. |
Febre persistente maior de 2 semanas sem causa aparente, úlceras orais, edema articular ou alterações laboratoriais. Febre periódica. |
Fenômeno de Raynaud | Anamnese: mudança de cor trifásica (branco, azul e vermelho) em resposta ao frio ou estresse. Pode ser primário (geralmente leve, em meninas adolescentes) ou secundário a doença reumática (esclerodermia, DMTC, LES e síndrome anti-fosfolípide). Perguntar sobre envolvimento de outro órgão. Exame físico: ver úlceras digitais, alterações na capilaroscopia, evidência de envolvimento de outros órgãos. Laboratório: ANA, anticorpos anti-fosfolípide. |
Episódios graves e freqüentes, úlceras digitais, sinais e sintomas de doença auto-imune ou quaisquer alterações laboratoriais. |
Síndromes esclerodérmicas | Anamnese: alterações cutâneas (espessamento e falta de pregueamento), doença multissistêmica na forma generalizada (disfagia, dispnéia, envolvimento renal), doença localizada nas formas limitadas. Exame físico: ver pregueamento da pele, contraturas articulares. Laboratório: depende do tipo suspeitado. Biópsia cutânea. |
Suspeita de esclerodermia de qualquer tipo. |
Possível LES Evidência de doença multissistêmica. Pode se manifestar como artrite, púrpura trombocitopênica, anemia hemolítica, alteração renal, de SNC e pleuropericardite. |
Anamnese: perguntar sobre rash (malar, discóide), fotosensibilidade, alopecia, fadiga, febre, Raynaud, úlceras orais, artrite, sangramento, hematomas, edema. História familiar de doença auto-imune. Exame físico: sinais vitais (febre e hipertensão), rash, alopecia, úlceras nasais ou de palato, artrite. Laboratório: hemograma, VHS, PCR, ANA, anti-ENA, anti-DNA, C3, C4, CH50, urina, creatinina. Se fraqueza muscular: TGO, TGP, Aldolase, CPK, DHL. |
Suspeita clínica de LES. ANA geralmente fortemente positivo e outras alterações laboratoriais. ANA positivo na ausência de alteração clínica ou laboratorial é pouco provável que seja LES. |
Dor e edema articular | Anamnese: perguntar sobre duração, gravidade, rigidez matinal, febre (padrão), rash, infecções recentes, nível de atividade, tratamentos prévios e resposta. História familiar de espondiloartropatia, dor lombar, psoríase ou doença inflamatória intestinal. Exame físico: aumento de volume (edema), temperatura, edema, dor e limitação de movimentação. Laboratório: ANA, hemograma, VHS, PCR, urina. Se poliarticular pedir fator reumatóide. |
Edema articular, contraturas ou perda de movimentação ou função, recusa para deambular. Faltas escolares devido a rigidez ou dor. ANA maior de 1:160 ou outras alterações laboratoriais. |
Vasculites | Geralmente envolvimento multissistêmico. Anamnese: rash (púrpura que não desaparece à digitopressão), ulcerações, dor abdominal, hemoptise, sinusite, hematúria, artrite, derrame cerebral ou convulsão. Exame físico: hipertensão, pulsos, nódulos, rash, alteração abdominal ou pulmonar ou SNC, exame articular. Laboratório: hemograma, VHS, PCR, urina, creatinina, sangue oculto nas fezes, ANCA. Tomografia de seios da face e pulmão, biópsia ou arteriografia. |
Púrpura de Henoch-Schönlein complicada ou prolongada, qualquer outra suspeita de vasculite, como poliarterite nodosa, Wegener ou Takayasu. |
Febre reumática | Anamnese: artrite aguda muito dolorosa que impede a deambulação, sopro patológico, movimentos involuntários. Laboratório: aumento de provas inflamatórias, ASLO. Ecocardiograma. |
Suspeita de febre reumática, quadros com cardite ou coréia reumáticas. |
GI: gastrointestinal; ANA: anticorpo anti-nuclear; VHS; velocidade de hemossedimentação; PCR: proteína C reativa; TGO: transaminase glutâmico-oxalacética; TGP: transaminase glutâmico-pirúvica; CPK: creatinoquinase; DHL: desidrogenase láctica; PPD: teste tuberculínico; RX: radiografia; DMTC: doença mista do tecido conjuntivo; SNC: sistema nervoso central; ENA- anti-antígenos nucleares extraíveis; DNA: anti- DNA de dupla hélice; C3: fração C3 do complemento; C4: fração C4 do complemento; CH50: complemento total ; ANCA: anticorpo contra citoplasma de neutrófilo; ASLO: anti-estreptolisina O.
Adaptação realizada por:
Dra. Maria Teresa S. R. L. A. Terreri
Secretária do Departamento de Reumatologia Pediátrica da SPSP – gestão 2007-2009; Doutora em Medicina da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP
Dr. Cláudio A. Len
Membro do Departamento de Reumatologia Pediátrica da SPSP – gestão 2007-2009; Professor Adjunto da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP
Dra. Silvana B. Sacchetti
Presidente do Departamento de Reumatologia Pediátrica da SPSP – gestão 2007-2009; Professora do Departamento de Pediatria e Puericultura da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, SP.
Texto divulgado no Portal da SPSP em 1º/02/2008.