As “dores de crescimento” constituem a queixa mais freqüente diante de crianças saudáveis e ativas que referem ter episódios repetitivos de dores nas pernas ao cair da tarde ou durante a noite.
Costuma acometer meninos e meninas entre 3 a 12 anos de idade.
Em geral, as crianças descrevem as dores como profundas e bilaterais que surgem principalmente na parte anterior das pernas e nas panturrilhas (batata das pernas). Não existe inchaço nem vermelhidão.
Será que “dores de crescimento” são mesmo ocasionados pelo crescimento ou amadurecimento físico?
É pouco provável porque o processo de crescimento durante a fase pré-puberal é tão lento que dificilmente causaria desconforto ou sofrimento. A possibilidade mais aceita é que a dor seja causada por um desequilíbrio entre o desenvolvimento de ossos, tendões e músculos, gerando sensação semelhante à de um estiramento muscular.
“Dor de crescimento” pode ser causada por problema emocional?
A questão emocional não é a causa da dor, mas predispõe seu aparecimento, especialmente naquelas crianças que já apresentam outras situações de dor crônica como dor de cabeça ou dor abdominal.
Para estabelecer o diagnóstico de “dores de crescimento” é preciso afastar algumas doenças usando-se a história, exame físico e se necessário, exames laboratoriais.
Crianças com dores ósseas unilaterais constantes e intensas, independentemente do horário do dia, necessitam de atenção especial no sentido de afastar um tumor ósseo. Doenças reumatológicas também devem ser investigadas.
O que fazer numa crise de dor de crescimento?
O tratamento consiste em massagens com movimentos suaves que alonguem os músculos e calor local, sempre dentro de um clima de tranqüilidade por parte da família. Analgésicos só devem ser usados sob orientação médica.
Em alguns casos pode ser necessário um acompanhamento psicológico.
A criança deve continuar com suas atividades físicas e com alimentação adequada, sem restrições especiais.
Relatora: Dra. Fabíola Esgrignoli Garcia
Membro do Departamento de Endocrinologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo – gestão 2007-2009; Médica Assistente do Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica da UNIFESP/EPM; Responsável pelo Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Hospital Infantil Cândido Fontoura, São Paulo, SP.
Texto recebido em 18/07/2008.