27 de junho é o Dia Internacional do Diabético e a data de celebração nasceu com o objetivo de promover conscientização sobre a doença e suas formas de tratamento. O diabetes é uma das doenças crônicas mais importantes e se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue. Estimam-se 1,2 milhão de crianças e adolescentes com diabetes no mundo. Os diagnósticos de diabetes tipo 2 (DM2) entre os adolescentes vêm aumentando, mas o diabetes tipo 1 (DM1) ainda é o mais comum na infância.
Mas qual a diferença entre eles? O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o corpo produz anticorpos que atacam as células do pâncreas que produzem insulina. Quando restam poucas células produtoras de insulina, o açúcar começa a se acumular no sangue. A maioria dos casos ocorre na infância e adolescência em famílias que não têm nenhum caso de diabetes conhecido. Ainda não há cura para interromper ou reverter esse processo.
O diabetes tipo 2 é causado por resistência à ação da insulina, quando a insulina tem dificuldade de agir, resultando no acúmulo de açúcar no sangue. Existe uma propensão genética, mas hábitos de vida sedentários e o excesso de peso aumentam muito o risco de se desenvolver o DM2 em adolescentes e adultos jovens. Manter o peso adequado, uma alimentação saudável e praticar atividades físicas regulares reduz significativamente o risco de desenvolver esse tipo de diabetes.
Quais são os sintomas de diabetes?
- Muita sede
- Aumento da diurese
- Muita fome
- Perda de peso
- Hálito cetônico (cheiro de maçã podre ou vinagre)
Se essas alterações persistirem por um tempo prolongado, outros sintomas podem aparecer, como dor na barriga, vômitos, muito cansaço, respiração muito rápida. Nesses casos, é importante buscar avaliação médica com urgência.
O diagnóstico de diabetes
A medida de glicose no sangue acima de 200 mg/dl é considerada elevada – procure avaliação médica.
Em casos de DM1 é possível medir os anticorpos no sangue, aqueles que prejudicam a produção de insulina pelo pâncreas.
No DM2 esses anticorpos não estão presentes, mas hiperglicemias associadas a obesidade e história familiar são suficientes para o diagnóstico.
Qual o tratamento?
Nos casos de DM1, o tratamento é a aplicação de insulina, desde o momento do diagnóstico. A insulina pode ser aplicada com seringas, canetas de insulina ou sistemas de infusão contínua (“bombas” de insulina). São utilizados dois tipos de insulina, uma lenta e outra insulina de ação rápida. Para manter os níveis de glicose dentro do alvo recomendado é necessário monitoramento dos valores de açúcar no sangue, que pode ser feito com medidas do açúcar no sangue ou com sensores do líquido intersticial.
Para o DM2 são fundamentais mudanças no estilo de vida (com uma alimentação saudável e exercícios físicos regulares). O uso de medicamentos via oral ou injetáveis também é indicado, sendo que a insulina também pode ser necessária, dependendo dos valores de glicemia e da capacidade de produção de insulina que cada pessoa tem no momento do diagnóstico.
É importante ter atenção para a ocorrência de hipoglicemias – açúcar baixo no sangue. Os sintomas podem variar muito e conforme a glicemia vai ficando mais baixa, sintomas mais importantes podem aparecer. É importante agir rapidamente para que esse quadro não piore. Os sintomas mais comuns de hipoglicemia nas crianças:
- Tremores
- Suor frio
- Sonolência
- Irritabilidade
- Muita fome
- Alterações na visão
- Dor de cabeça
- Desmaio
- Convulsão
Em casos de sintomas, deve-se medir a glicose e oferecer açúcar de rápida absorção – água com açúcar, refrigerante ou suco não diet, mel, ou glicose em sachês. É importante ter fácil acesso a esses alimentos, pois a hipoglicemia pode evoluir rapidamente se não reconhecida e tratada adequadamente.
E as complicações crônicas?
O risco de evoluir com complicações está diretamente relacionado aos níveis de glicemia ao longo dos anos. Manter os níveis de glicose dentro do alvo (70 a 180 mg/dL) a maior parte do tempo reduz significativamente o risco de problemas de saúde no futuro.
A glicemia elevada por longos períodos faz com que o açúcar do sangue se ligue aos tecidos de órgãos e promova alterações que podem ser progressivas e irreversíveis. Essas são chamadas complicações microvasculares e macrovasculares.
- Retinopatia diabética: alterações na visão
- Nefropatia diabética: problemas renais
- Neuropatia diabética: alterações na sensibilidade de mãos e pés
E como podemos ajudar a criança com diabetes?
- Procure um médico: em casos de emergência (mal-estar, palidez, dores abdominais, vômitos, falta de ar) busque atendimento imediatamente. Informe sobre sintomas de diabetes (emagrecimento, aumento da sede, aumento da diurese). O Pediatra pode iniciar o tratamento até a consulta com o Endocrinologista Pediátrico.
- Posto de saúde: Informe-se quais os serviços gratuitos para o tratamento do diabetes.
- Educação em diabetes: procure especialistas capacitados: enfermeiras, nutricionistas, educadores físicos, psicólogos. A Sociedade Brasileira de Diabetes (sbd.org.br) e a Associação de Diabetes Juvenil (www.adj.com.br) são bons pontos de partida para aprender sobre diabetes.
- Organize a rotina e os cuidados: uma rotina organizada deixa tudo mais fácil. Estabeleça horários para refeições, manter insumos necessários próximos de onde se realizam as refeições, tenha carboidratos de rápida absorção em fácil acesso. Com isso os cuidados do diabetes se adaptam à rotina da família.
- Converse com a escola: informe sobre o diagnóstico do diabetes e os cuidados necessários nos horários da escola. A equipe de saúde deve fornecer um Plano de Cuidados de Diabetes para a escola saber como proceder em diferentes situações. Você encontra essas informações no site http://diabeteseaescola.com.br e no aplicativo gratuito Diabetes e a Escola.
- Mantenha a calma! Com o apoio da equipe de saúde, família e amigos, com certeza vocês conseguem vencer os desafios do diabetes para uma vida cheia de saúde e realizações.
Relatora:
Laura de Freitas Pires Cudizio
Médica Colaboradora do Ambulatório de Diabetes Pediátrico da Santa Casa de São Paulo
Membro do Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo