No Brasil, o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes na Infância é celebrado em 30 de agosto. Acidentes de trânsito, afogamentos, queimaduras, quedas e envenenamentos ferem, incapacitam ou matam milhões de crianças em todo o mundo todos os dias. A boa notícia é que cerca de 90% dos casos que resultam em morte e internação podem ser evitados com algumas medidas simples.
Quem está em risco?
Todas as crianças, devido a sua natureza curiosa e necessidade de explorar o ambiente. As crianças de até quatro anos de idade são mais propensas a ter acidentes em casa e as maiores, nas ruas e escola. Os meninos correm mais riscos que as meninas.
Onde ocorrem os acidentes?
Podem acontecer em qualquer lugar, dentro e ao redor da casa, mas os lugares mais comuns incluem a cozinha, o banheiro e as escadas. Os acidentes na cozinha e nas escadas costumam ser os mais graves. Os acidentes de trânsito são responsáveis por muitos casos de internações e morte.
O que causa acidente?
Existem riscos potenciais em todas as casas, como água quente, produtos químicos domésticos, lareiras, objetos pontiagudos. Alguns projetos de casas, como varandas e escadas abertas, também podem contribuir.
Quanto menor a criança, menor sua capacidade de avaliar os riscos que todas essas coisas representam. Sua curiosidade, entretanto, pode levá-las a situações de risco. Os tipos de acidentes que acontecem estão muitas vezes ligados a sua idade e ao seu nível de desenvolvimento. Os bebês são totalmente dependentes de um adulto e os acidentes acontecem por um momento de distração.
O uso cada vez maior de telas pelos adultos tem sido causa frequente de desatenção e acidentes nesta faixa etária. À medida que as crianças crescem, elas podem andar e se movimentar, alcançar coisas mais altas, escalar e encontrar objetos escondidos. Com sua recém-descoberta sensação de liberdade e movimento, as crianças podem se mover rapidamente e acidentes podem acontecer em questão de segundos. Crianças maiores e adolescentes estão mais sujeitos a acidentes na escola, em parques e jogos.
Como os acidentes podem ser prevenidos?
– Supervisione sempre as crianças e nunca subestime o seu desenvolvimento.
– É importante identificar as situações de risco da casa e modificar o ambiente, tornando-o mais seguro. O uso de “sistemas de retenção” (bebê-conforto, cadeirinhas, booster) nos automóveis de acordo com a idade é obrigatório.
– Ensine sempre às crianças medidas de prevenção.
Algumas dicas para prevenir os acidentes comuns
- Sufocamento: alimentar a criança sentada à mesa ou em cadeira alta; cortar os alimentos em pedaços pequenos; ter cuidado com objetos muito pequenos, como amendoim, caroços de frutas, balas duras, botões, moedas, baterias em disco e outros (especial atenção a bexigas, uvas, tomate-cereja, que se aspirados, amoldam-se na via aérea e são de difícil extração); brinquedos devem ser apropriados para cada idade e não devem destacar partes pequenas; não usar talco perto de crianças; não usar cordão ou presilha de chupeta ao redor do pescoço; não deixar sacos plásticos ao alcance das crianças; usar lençóis, mantas e cobertores bem presos ao colchão.
- Afogamentos: jamais deixar a criança sozinha durante o banho, principalmente quando estiver utilizando banheira; nunca deixar baldes, bacias ou tanques com água ao alcance das crianças; frequentar piscinas somente com vigilância contínua de um adulto, ficando as menores de cinco anos ou as mais velhas que não sabem nadar a uma distância de um braço de um adulto na água.
- Quedas: não usar andadores; instalar grades ou redes de proteção nas janelas de andares altos; instalar portões com tranca em escadas.
- Queimaduras: preferencialmente, medir a temperatura da água do banho com um termômetro ou, em sua ausência, testar a temperatura da água do banho com o cotovelo ou dorso da mão; sempre verificar a temperatura de mamadeiras e outros alimentos quentes; não manusear líquidos ou alimentos quentes com a criança no colo; esconder fósforos, velas e isqueiros e produtos inflamáveis; não fumar dentro da casa.
- Intoxicações: não utilizar medicamentos sem orientação médica; nunca utilizar produtos “clandestinos”; seguir as orientações do fabricante para o uso adequado dos produtos; preferir produtos químicos que tenham embalagens com tampa de segurança para crianças; manter os produtos em sua embalagem original e nunca reutilizar frascos; conhecer bem as plantas da casa e dos jardins, e não manter dentro de casa plantas que são consideradas tóxicas, como comigo-ninguém-pode, costela-de-adão, saia-branca, espada-de-são-Jorge, chapéu-de-Napoleão e outras.
Saiba mais:
https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/prevencao-de-acidentes/
https://www.pediatraorienta.org.br/category/seguranca/
https://www.pediatraorienta.org.br/acidentes-de-transito-com-criancas-e-jovens-como-prevenir/
Relatora:
Sarah Saul
Departamento de Segurança Infantil da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Foto: @bearfotos / br.freepik.com