Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil

Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil

Neste mês, a campanha Novembro Dourado enfatiza a importância do diagnóstico precoce do câncer em crianças e adolescentes – o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil, celebrado no dia 23 de novembro, data instituída pela Lei nº 11.650, de 4 de abril de 2008. É um momento para aumentar a conscientização sobre o câncer infantil e expressar apoio às crianças e adolescentes com câncer, aos sobreviventes e suas famílias. O laço dourado da campanha é um símbolo de todas as formas de câncer que afetam crianças e adolescentes e o padrão “ouro” necessário no tratamento desses pacientes.

O câncer infantil é a principal causa de morte por doença em nosso país. Por outro lado, com o diagnóstico precoce e o tratamento realizado em centros especializados, 75% das crianças ficarão curadas.

De modo diverso do câncer nos adultos, em crianças e jovens a doença não está diretamente associada a fatores de risco externos e são raras as formas de cânceres familiares ou hereditários. Às vezes, as causas das alterações genéticas em certos tipos de câncer em adultos são conhecidas (como substâncias químicas causadoras de câncer na fumaça do cigarro). Mas os motivos das alterações no DNA, na maioria dos cânceres infantis, não são conhecidos. Alguns podem ter causas externas, como exposição à radiação e outros podem ter causas que ainda não foram encontradas. Mas muitos, provavelmente, são o resultado de eventos aleatórios que às vezes acontecem dentro de uma célula, sem uma causa externa.

A maior parte das neoplasias malignas que ocorrem nas crianças decorre de alterações no DNA que aconteceram antes do nascimento ou no início da vida. Cada vez que uma célula se divide em duas novas células, ela deve copiar seu DNA. E quando o processo de divisão celular não é perfeito, essa mutação genética é chamada adquirida. As mutações adquiridas estão apenas nas células cancerígenas da pessoa e não serão transmitidas aos filhos. As causas, portanto, são indefinidas, difíceis de prevenir.

Por outro lado, o câncer infantil não é uma doença única – existem mais de 12 tipos principais de câncer pediátrico e mais de 100 subtipos.

A incidência do câncer pediátrico é de aproximadamente 16 para cada 100 mil habitantes, menores do que 19 anos, o que leva ao cálculo de mais de 8 mil casos novos por ano no Brasil. Estima-se que menos da metade dos casos chegue aos centros de tratamento multidisciplinar especializados.

O desafio é que muitos dos sintomas podem ser confundidos com outras doenças comuns na infância, tais como febre, palidez, dor de cabeça ou ínguas (gânglios).

Pais, responsáveis e pessoas que convivem com as crianças, como avós, tios e professores, podem contribuir para identificar os primeiros sintomas (mas é importante salientar que isso não significa que a criança ou o adolescente tenha câncer!). Várias outras doenças podem causar esses sinais. Por essa razão, somente um médico pediatra poderá indicar o momento de iniciar uma investigação e, se for o caso, encaminhar a um colega mais especializado para o diagnóstico preciso. O que é muito importante, pois o impacto do câncer infantil se traduz em anos de vida perdidos, desigualdades mais significativas e dificuldades econômicas. Essa situação pode e deve mudar à medida que o diagnóstico seja precoce e a criança seja tratada num centro especializado.

De maneira geral, o que levaria à suspeita de câncer em uma criança ou adolescente seriam alguns desses sinais e sintomas de alerta:

  • Manchas roxas pelo corpo em regiões pouco frequentes, sobretudo quando não associadas a algum tipo de traumatismo.
  • Febre prolongada, perda de peso, prurido, tosse seca e persistente, palidez, fadiga ou sangramentos inexplicados.
  • Dor de cabeça persistente e progressiva, associada ou não a vômitos, alterações no caminhar, no equilíbrio, na fala e na visão, perda de habilidades desenvolvidas e alterações de comportamento.
  • Ínguas (linfonodos aumentados) persistentes e de crescimento progressivo, especialmente em região do pescoço, supraclavicular, axilar e inguinal.
  • Dor abdominal e massa abdominal.
  • Dor persistente nos ossos, nas articulações e nas costas, especialmente se despertar a criança/adolescente à noite.
  • Distúrbios visuais e reflexo anormal da pupila quando exposta à luz, conhecido como “reflexo do olho de gato”, perceptível em fotos com flashes por meio de um brilho branco diferente no olho da criança.

 

Saiba mais:

1. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Rio de Janeiro: INCA, 2019.

2. American Cancer Society. Cancer in children. Risk factors and causes of childhood cancer. www.cancer.org/cancer/cancer-in-children.html

3. PennState Health Children Hospital. About childhood cancer. www.fourdiamonds.org/

 

Relator:
Flavio Augusto Luisi
Presidente do Departamento Científico de Oncologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo