O Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, instituído em 18 de fevereiro, foi criado para conscientizar a população sobre os males que o consumo de álcool acarreta e buscar medidas para combatê-lo. Esta data é uma oportunidade para conscientizar a população acerca dos danos causados pela bebida alcoólica.
O excesso de bebida em casa, a facilidade em obtê-la e a falta de punição facilitam o uso precoce do álcool. O grande problema é que as informações reais e científicas não chegam à população. A informação que se tem sobre muitas coisas, inclusive sobre o consumo de álcool, vem pela internet. E aí as fake news preponderam, aumentando a cada ano. Aí está o “conhecimento” dos jovens, dos pais e até de muitos médicos.
A indústria do álcool não tem limites. A propaganda é voltada para o jovem e ligada ao sucesso e diversão. Conseguimos tirar a propaganda do tabaco da mídia, mas ainda existe a propaganda indireta. Um garoto perguntou ao pai: “O que é ser brameiro?”, pois a propaganda de cerveja da época, retirada após dois meses por conflitar com a propaganda para crianças, dizia: “O meu sucesso é que eu sou brameiro”. O estrago já tinha sido feito. O lobby do álcool no Congresso Nacional não nos permite dar limites à indústria.
Quando se pergunta aos jovens “Qual a droga que faz menos mal?”, eles logo citam o álcool como uma delas. Não é alcoólatra só aquele que bebe todo dia. Uma parte da população é “Binge drinking”, ou seja, bebe por excesso. Quando pergunto aos pais e jovens “Quem já bebeu e dirigiu nos últimos anos?” A resposta é: A MAIORIA. A falta de exemplo é fundamental para a iniciação precoce.
O álcool pode ser o início de uma caminhada para outras drogas. Se o jovem precisa deste estímulo em sua jornada à vida adulta, alguma coisa está errada. O início precoce do consumo do álcool, antes do cérebro estar formado, leva a uma maior chance de problemas e dependência.
Se estou na terceira idade, por que me preocupar com a bebida alcoólica? Porque os avós são exemplos para filhos e netos e se você bebe em excesso, pode influenciar seus filhos ou netos neste caminho. E parar com o vício lhe dará uma qualidade de vida melhor. Gaste um tempo com sua família e aprofunde-se no conhecimento sobre as drogas para poder trocar ideias com a família.
Saiba mais:
Saude Soc. 2020;29(2). https://doi.org/10.1590/S0104-12902020190342
Fake news sobre drogas: pós-verdade e desinformação
https://www.drbarto.com.br/os-12-passos-para-evitar-a-armadilha-dos-vicios-2/
Relator:
João Paulo Becker Lotufo
Presidente do Núcleo de Estudos de Combate ao Uso de Drogas por Crianças e Adolescentes da SPSP