Dia Nacional da Imunização

Dia Nacional da Imunização

Na data de 9 de junho comemoramos o Dia Nacional da Imunização. Os programas de vacinação são considerados uma das mais importantes conquistas da saúde pública do mundo. Junto com a água tratada e melhoria do acesso aos serviços de saúde, as imunizações contribuíram de forma definitiva e relevante para o aumento da expectativa de vida na maioria dos países, propiciando ainda reduções nas dramáticas taxas de mortalidade infantil registradas em um passado não distante. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as campanhas de vacinação evitam de 4 a 5 milhões de mortes anualmente no mundo.

As vacinas, presentes na humanidade há mais de dois séculos, foram essenciais para alcançarmos a erradicação da varíola em 1980, doença que foi responsável pela morte de 300 milhões de pessoas somente no século 20, além de permitirem a eliminação da poliomielite, do tétano neonatal, da rubéola e da rubéola congênita em diversas regiões do mundo. Os programas de vacinação contribuíram ainda para o controle do tétano acidental, da coqueluche, do sarampo, da difteria, das meningites e de diversas outras doenças, responsáveis no passado por elevadas taxas de hospitalizações, sequelas e mortes entre crianças e adolescentes.

A percepção do risco associado a uma determinada doença é um fator muito determinante na adesão às campanhas vacinais pelas famílias de uma maneira geral. A redução do número de casos, hospitalizações e mortes atribuídas a diversas doenças fez com que muitas pessoas achassem que não era mais importante vacinar seus filhos contra essas doenças. Trata-se de um erro, pois já vimos no passado que assim que houve a diminuição das coberturas vacinais contra determinadas doenças, observamos o retorno dessas doenças à nossa realidade.

Um exemplo recente e emblemático desse fenômeno é o ressurgimento do sarampo. Após muitos anos de eliminação da doença no nosso país, vimos desde 2018 um retorno dos casos, com hospitalizações e mortes. Aproximadamente uma morte ocorreu para cada mil casos que foram confirmados no país nos últimos cinco anos. A maioria dessas mortes em crianças, especialmente no primeiro ano de vida. A boa notícia é que as campanhas de vacinação contra o sarampo incorporando uma dose extra da vacina aos seis meses reduziram novamente as taxas de doença e em 2023 não identificamos ainda novos casos.

Infelizmente, um dos fenômenos observados durante a pandemia e que merece por todos nós uma reflexão profunda foi o crescimento de publicações com informações equivocadas, com diversas motivações, e que acabam trazendo dúvidas e hesitação para as famílias no momento da vacinação. Neste cenário, nossa recomendação é que as famílias busquem sempre a fonte dessas informações recebidas e chequem a sua veracidade. Esse é um hábito que todos nós devemos incorporar.

Aqui no Brasil existem excelentes fontes de informações corretas, idôneas e confiáveis, nos sites das sociedades científicas, como a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), além, é claro, do Ministério da Saúde e da OMS.

A prática da vacinação rotineira está muito associada à população pediátrica, especialmente nos primeiros cinco anos de vida. Nesse período protegemos as crianças contra diversas doenças, como a paralisia infantil, tuberculose, hepatites A e B, difteria, tétano, coqueluche, diarreia pelo rotavírus, infecções graves causadas pelo meningococo, pneumococo, Haemophilus influenzae b, catapora, sarampo, rubéola, caxumba, febre amarela e gripe. A covid-19 se soma às doenças que são passíveis de prevenção por vacinas, com um destaque para a prevenção de suas formas graves e de suas complicações, a exemplo do que fazem as vacinas de gripe, coqueluche, rotavírus, entre outras.

Entretanto, não é só na infância que a vacinação se faz necessária. Adolescentes, adultos e idosos precisam também estar em dia com os programas de vacinação. O tétano, por exemplo, pode acometer indivíduos em qualquer faixa etária e a vacina é uma forma de prevenir a enfermidade, devendo ser repetida a cada dez anos, para manutenção de seu efeito protetor. Há ainda vacinas que devem ser administradas na adolescência, como por exemplo HPV e meningococo. Outras, na idade adulta ou por pessoas que vão viajar para determinadas regiões do Brasil ou do exterior, como por exemplo febre amarela, febre tifoide, hepatite A, meningococo, entre outras. Os idosos também têm um calendário vacinal especial, com programas de vacinação como os da gripe, doença pneumocócica, covid-19 e herpes-zoster, especialmente dirigidos para diminuir o risco de complicações dessas doenças nesta fase da vida.

A Sociedade de Pediatria de São Paulo enfatiza nesta data comemorativa a importância das vacinas e rende a sua homenagem ao exitoso Programa Nacional de Imunizações, orgulho de todos os brasileiros.

 

Relator:
Marco Aurélio Palazzi Sáfadi
Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo