Dia Mundial do Diabetes – Educação Para Proteger o Amanhã

Dia Mundial do Diabetes – Educação Para Proteger o Amanhã

O Dia Mundial do Diabetes foi criado em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É comemorado todos os anos em 14 de novembro. A campanha é representada por logotipo de círculo azul, que foi adotado em 2007. O círculo azul é o símbolo global da conscientização sobre o diabetes.

Todos os anos, a campanha do Dia Mundial do Diabetes se concentra em um tema. Este ano o tema é: “Educação Para Proteger o Amanhã”. O foco deste ano será, portanto, o acesso à educação em diabetes. Esse tema é de importância extrema, visto que as pessoas com diabetes, na maior parte do tempo, são cuidadas por seus familiares ou cuidam de si mesmas. O acesso à educação em diabetes é essencial para a manutenção de uma vida saudável e evitar complicações na pessoa, criança ou adulto que recebeu este diagnóstico.

Em 2021, o número de pessoas com diabetes no mundo era por volta de 537 milhões. A maioria apresentava DM do tipo 2. Já o diabetes do tipo 1 estava presente em mais de 1,2 milhão de crianças e adolescentes (0-19 anos). Segundo dados da IDF de 2019, o Brasil é o terceiro país no mundo com maior número de crianças e adolescentes com diabetes do tipo 1.

 

Sobre o diabetes

O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica, na qual ocorre a deficiência na produção de insulina. Esta, por sua vez, é um hormônio produzido pelo pâncreas e que regula a entrada de glicose (açúcar) para dentro das células do corpo. Nosso organismo necessita de glicose para produzir energia a ser utilizada pelas células. Quando ocorre falta da insulina, o açúcar não pode entrar nas células para ser consumido e se acumula no sangue, elevando assim a sua concentração e causando a hiperglicemia. O excesso de açúcar no sangue, além de causar danos ao organismo, leva o organismo a tentar se adaptar e com isto a pessoa com hiperglicemia começa a ter alguns sintomas. Destes, os mais típicos são: urinar muito, a fim de eliminar o açúcar em excesso; sentir muita sede e beber muita água, para compensar a água perdida ao urinar; apresentar um hálito com cheiro de vinagre ou maçã podre e perder peso. Estes sintomas nem sempre estão tão evidentes, principalmente dependendo da idade e do tipo de diabetes. Existem vários tipos de DM. O diabetes tipo 1 (DM1), o diabetes tipo 2 (DM2), o diabetes neonatal, o diabetes gestacional (DMG) e os outros tipos de diabetes menos comuns. Esta denominação depende de algumas características, como o momento do início do diabetes, a história familiar, o funcionamento do pâncreas, se está associado a obesidade, se existe presença de autoanticorpos e até mesmo se está associado a outras doenças ou síndromes genéticas. Na maioria das vezes, as características clínicas são suficientes para diferenciar entre os principais tipos de DM. Porém, em alguns casos, a apresentação clínica nem sempre é suficiente para esta diferenciação, pois pode haver sobreposição das características clínicas de DM1 e DM2.

O DM2 é o tipo mais comum em adultos. Está frequentemente associado à obesidade e ao envelhecimento. Tem início lento e é caracterizado pela deficiência parcial na produção de insulina pelas células do pâncreas. Este tipo de diabetes está cada vez mais frequente na infância, devido ao aumento do número de casos de crianças com obesidade. O DM2 deve ser suspeitado principalmente em adolescentes afrodescendentes com obesidade, com história familiar de DM2, e que apresentem glicemia elevada ou perda de glicose na urina. Na maioria das vezes a perda de peso e o uso de antidiabéticos orais podem resolver este tipo de diabetes.

O DM1 é mais comum em crianças e adolescentes. Apresenta deficiência grave de insulina devido à destruição das células pancreáticas e está associado à autoimunidade. Os sintomas em geral começam de forma abrupta. Pode evoluir para cetoacidose (maior acidez do sangue), que leva a desidratação grave e muitas vezes necessidade de tratamento em unidade de terapia intensiva. Neste tipo de DM há necessidade de insulina desde o diagnóstico. Para os raros casos de crianças em que a elevação da glicemia aparece antes de 6 meses de vida, a investigação genética deve ser realizada, pois isso pode nortear o melhor tratamento e permitir o aconselhamento genético.

 

Os sintomas do DM1 começam a aparecer em geral quando 80% do pâncreas já está destruído pelos autoanticorpos, ou seja, no início do DM1 pode não aparecer sintomas ou os sintomas serem muito sutis. O reconhecimento dos sintomas em crianças muito pequenas às vezes é difícil, pois podem ser inespecíficos, como sentir mais fome, voltar a ter diurese na cama, não ganhar peso adequadamente, referir dor abdominal. Na maioria das vezes o reconhecimento do DM em crianças pequenas acontece quando o quadro já está mais grave, como na cetoacidose.

Tratamento

Após a confirmação do diagnóstico, iniciar o tratamento adequado é fundamental para evitar a progressão do DM, controlar os sintomas e impedir agravos futuros. Não é fácil receber o diagnóstico de DM na infância ou adolescência. Muitas vezes o entendimento e a aceitação são inicialmente bastante difíceis, principalmente porque ainda existe um conceito errado de que a criança com DM1 não vai poder ter uma infância e adolescência normais, e isso não é verdade. Nas últimas décadas houve grande evolução no tratamento do DM1, com novas insulinas, novos dispositivos e novas tecnologias, que permitem um melhor controle do DM e maior flexibilidade na rotina do dia a dia da criança.

 

Educação em Diabetes: Educação Para Proteger o Amanhã

A educação em diabetes é conquistada através de uma rede de apoio ao paciente diabético. Essa rede é composta pelo endocrinologista infantil; pediatra; nutricionista; psicólogo; educador físico; associações, tais como a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD), Associação de Diabetes Juvenil (ADJ) e a IDF. Também é composta por aqueles que convivem e conhecem uma pessoa diabética e podem ser facilitadores quanto ao acesso a essa informação.

É muito importante que as pessoas diabéticas, familiares e amigos não tenham uma atitude passiva quanto à doença. Mas sim busquem acesso à informação junto à rede de apoio. Mais do que isso, aproveitem essa informação para benefício do seu tratamento. Sempre se aprende mais, sempre se pode cuidar mais.

 

Saiba mais:

Idf.org – International Diabetes Federation
sbd.org.br – Sociedade Brasileira de Diabetes
endócrino.org.br – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
diabetes.org – American Diabetes Association
adj.org.br – Associação de Diabetes Juvenil
anad.org.br – Associação Nacional de Atenção ao Diabetes

 

Relatoras:
Albertina Gomes Rodrigues
Ruth Rocha Franco
Louise Cominato
Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo