Dia Mundial do Diabetes

Dia Mundial do Diabetes

Novembro é o mês de conscientização do diabetes, sendo 14 de novembro o Dia Mundial do Diabetes.

O diabetes é uma das doenças mais prevalentes no mundo e, a cada ano, o número de pessoas que vivem com diabetes aumenta. O Atlas Internacional do Diabetes, elaborado pela Federação Internacional do Diabetes (IDF), estima que metade das pessoas que têm diabetes no mundo não foi diagnosticada. Por isso essa data é tão importante, pois o diagnóstico e o tratamento corretos podem salvar vidas.

Na infância, o diabetes tipo 1 (DM1) é o mais comum. O Brasil é o terceiro país do mundo em número de crianças vivendo com DM1, e a cada ano mais crianças são diagnosticadas com essa condição. O DM1 é uma doença autoimune e ainda não tem cura, mas com acesso a tratamento e um controle glicêmico adequado é possível melhorar (e muito!) a qualidade de vida e reduzir as complicações crônicas.

O diabetes tipo 2 (DM2) é ainda o mais prevalente entre adultos, mas vem aumentando por conta do aumento da obesidade e do sedentarismo entre os adolescentes. As mudanças de hábitos de vida têm um impacto muito grande na evolução do DM2, e muitas pessoas desconhecem a importância desse diagnóstico ainda na adolescência, quando a doença pode ter uma progressão mais agressiva e com complicações mais precoces do que na idade adulta.

O acompanhamento regular com o pediatra é fundamental para prevenir o DM2. Reconhecer o início do ganho de peso em uma criança, e já implementar mudanças de hábitos, fazem muita diferença. A obesidade deve ser reconhecida como uma doença que demanda acompanhamento médico multidisciplinar, modificações de estilo de vida e em alguns casos medicação. Essas medidas podem reduzir muito o risco da evolução do DM2. Não podemos perder a chance de prevenir o aparecimento de uma doença, pois é possível melhorar o futuro dessa criança.

Falar sobre diabetes é importante por muitos motivos.

Procure assistência médica, o mais rápido possível, se reconhecer estes sintomas clássicos da descompensação do diabetes:  perda de peso (apesar de uma alimentação adequada ou até com mais fome do que o habitual); aumento da sede e aumento da quantidade da urina e da frequência das micções. Estes sintomas podem acontecer em qualquer idade. Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, quanto antes se inicia o tratamento, menor o risco de uma descompensação grave.

Ao longo dos últimos 100 anos, a partir da descoberta da insulina, a vida das pessoas com diabetes mudou muito. A insulina permitiu que esse diagnóstico preocupante passasse a ser compatível com uma vida com menos limitações e complicações.

Os últimos 20 anos foram marcados por avanços tecnológicos impressionantes. Os medicamentos mais modernos, que agem por mais tempo e têm menos risco de hipoglicemia, ou que agem mais rápido e permitem um melhor controle da glicemia após as refeições foram se tornando acessíveis para as pessoas que dependem de insulina para viver. As canetas que utilizam agulhas menores permitiram mais conforto na aplicação da insulina. O acesso a sensores de glicose permite um controle glicêmico muito mais preciso e confortável para quem precisa olhar sua glicemia muitas vezes ao dia. Os sistemas de infusão contínua de insulina (as conhecidas “bombas de insulina”) passaram a ser automatizados e acoplados aos sensores. Quem imaginou que tantos avanços aconteceriam em 100 anos!

O uso da tecnologia para promover educação e conscientização permite que em lugares mais distantes seja possível oferecer atendimento de melhor qualidade. Sabemos que o caminho ainda é longo; muitas pessoas com diabetes ainda não têm acesso a tecnologias mais modernas ou enfrentam dificuldades para encontrar profissionais de saúde especializados, mas vivemos em um país onde o acesso a medicamentos e insumos para o cuidado do diabetes é garantido pelo SUS. As sociedades científicas e as organizações de pessoas com diabetes trabalham diariamente para que os diagnósticos sejam mais precoces, os tratamentos mais acessíveis e a sociedade mais estruturada.

No Dia Mundial do Diabetes precisamos pensar em promover educação, celebrar os avanços no tratamento e lembrar que ainda hoje muitas pessoas demoram para receber o diagnóstico e ter acesso aos cuidados de saúde adequados para terem uma vida saudável com diabetes. Falar sobre diabetes, em um mês dedicado a esse assunto, permite que os profissionais de saúde estejam mais atentos e atualizados, que as redes de apoio das pessoas com diabetes estejam mais capacitadas, que as políticas públicas sejam ajustadas às realidades regionais e que todas as pessoas com diabetes possam viver com mais saúde.

 

Relatora:
Laura de Freitas Pires Cudizio
Médica Colaboradora do Ambulatório de Diabetes Pediátrico da Santa Casa de São Paulo
Membro do Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo