Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais

Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais

A hepatite é uma doença caracterizada por inflamação no fígado e pode ser desencadeada por diversos fatores, como vírus, remédios, ervas, álcool, doenças autoimunes, doenças metabólicas e genéticas. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na Região Norte) e o vírus da hepatite E. A infecção pode ser silenciosa ou apresentar sintomas como náuseas, dor abdominal, fadiga, febre, urina escura, pele e olhos amarelados. Em algumas destas infecções virais, a hepatite aguda pode evoluir para a cura sem intervenção ou tratamento, mas também pode se transformar em infecção crônica, evoluindo para cirrose ou câncer hepático.

Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, no período de 2000 a 2022 foram diagnosticados 750.651 casos de hepatites virais no Brasil. Destes, 22,5% foram referentes aos casos de hepatite A, 36,9% aos de hepatite B, 39,8% aos de hepatite C, 0,6% aos de hepatite D e 0,2% aos de hepatite E. A partir de 2015, a incidência de hepatite A no Brasil apresentou queda expressiva, coincidindo com a introdução da vacina contra este vírus ser disponibilizada no calendário vacinal, com redução de 75,0% quando comparados os anos de 2015 e 2022, passando de 1,6 para 0,4/100 mil habitantes, respectivamente. Quanto à hepatite B, houve uma discreta tendência de queda anual nas taxas até 2019; atingindo 4,3/100 mil habitantes em 2022. A partir de 2016, a taxa de detecção de hepatite C apresentou discreta queda e, em 2022, chegou a 6,6/100 mil habitantes. No período de 2000 a 2021 foram identificados, no Brasil, 85.486 óbitos por causas associadas às hepatites virais dos tipos A, B, C e D. Desses óbitos, 1,5% foram associados à hepatite viral A; 21,5% à hepatite B; 76,1% à hepatite C e 0,9% à hepatite D.

A hepatite A tem transmissão pela via fecal-oral, não evolui para infecção crônica, porém em raros casos pode desencadear hepatite fulminante, sendo eventualmente necessária indicação de transplante hepático, ou podendo ir para o óbito. A vacina da hepatite A está disponível no calendário básico de vacinação para crianças a partir de 15 meses, em dose única.

A hepatite B pode ser transmitida pelo sangue, fluidos corporais contaminados, e transmissão vertical (durante a gestação ou parto). Pode evoluir para a forma crônica. Existe vacina contra hepatite B no calendário vacinal básico, sendo administrada já ao nascimento.

A hepatite C, assim como a hepatite B, pode ser transmitida pelo sangue e fluidos corporais contaminados, mas raramente ocorre a transmissão vertical, entretanto o risco aumenta se a mãe for coinfectada pelo vírus HIV. Não existe vacina para este tipo de hepatite. O teste rápido para sua detecção está disponível nas unidades de saúde.

As hepatites virais, sobretudo as hepatites B e C, representam um desafio mundial comparável ao enfrentamento ao HIV, à tuberculose ou à malária. A população brasileira tem acesso, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), às tecnologias mais modernas e eficazes para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites B e C disponíveis no mundo, e de forma gratuita.

No dia 28 de julho é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. A data foi instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2010, para alertar sobre a importância da prevenção e do controle dessa doença. A prevenção pode ser obtida através da vacinação (hepatites A e B); pelo cuidado na manipulação de sangue e materiais contaminados; pelo não compartilhamento de objetos cortantes, seringa, agulhas, alicate de cutículas e através do sexo seguro. Ressalta-se também a importância da realização do pré-natal, para a prevenção da transmissão vertical das hepatites B e C.

Relatora:

Regina Sawamura
Professora Doutora da Divisão de Gastroenterologia e Hepatologia Pediátrica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
Vice-Presidente do Departamento Científico de Hepatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo