Os linfomas representam a terceira neoplasia mais frequente na infância. O termo linfoma inclui dois tipos principais: o linfoma de Hodgkin e o linfoma não Hodgkin. São tumores de nome semelhante, mas de comportamento clínico diverso. O primeiro tem crescimento lento e espalha-se pelo organismo através do sistema linfático, ao passo que o segundo tem crescimento rápido e pode alcançar a medula óssea e o cérebro (sistema nervoso central).
LINFOMA NÃO HODGKIN (LNH)
É o terceiro câncer mais frequente nas crianças, depois das leucemias e dos tumores cerebrais. Ele representa 10% das doenças malignas da infância e a incidência aumenta com a idade. O sexo masculino é mais acometido (70%). As imunodeficiências, como por exemplo, nos pacientes submetidos a transplantes de órgãos sólidos, têm um risco 30 a 50 vezes maior de desenvolver LNH. De modo inverso ao do adulto, o LNH da criança tem crescimento rápido, curso agressivo e possui grande capacidade de disseminação. Entre os sinais e sintomas mais frequentes, podemos citar o aumento da barriga, dor e alteração do hábito intestinal. Outros tipos de linfoma não Hodgkin podem acometer a região torácica, a pele e o osso. O diagnóstico deve ser realizado com urgência, tendo em vista a rápida velocidade de crescimento desses tumores. Em geral, são necessários uma biópsia e exames de sangue, liquor, medula óssea, tomografias ou ressonância magnética. É uma doença sistêmica (pode acometer todo o organismo), cujo tratamento é realizado com quimioterapia de altas doses. A chance de cura, com tratamento adequado, é maior que 80%.
LINFOMA DE HODGKIN (LH)
Descrito em 1832 por Thomas Hodgkin, esse tipo de linfoma também ocorre mais em meninos (60%); é raro abaixo dos 2 anos e pouco frequente abaixo dos 5 anos; aumenta a partir dos 11 anos e tem um crescimento a partir da adolescência que persiste até os 30 anos; é classicamente descrito como bimodal, com um pico entre 15 e 35 anos e outro acima dos 50. Em 30% dos casos, pode haver sintomas sistêmicos, como febre, emagrecimento e sudorese. Um gânglio de crescimento lento, na lateral do pescoço, é a apresentação mais comum dessa entidade. O diagnóstico é realizado através de uma biópsia. Exames de sangue, da medula óssea, tomografias, ressonância ou PET-scam são realizados para avaliação da doença.
O tratamento é baseado na quimioterapia e, algumas vezes, com complementação da radioterapia em baixas doses. Atualmente, mais de 90% das crianças portadoras de LH são curadas. Algumas complicações são possíveis de ocorrer muitos anos após o término do tratamento. Desse modo, é muito importante o acompanhamento desses pacientes no pós-tratamento, a fim de que os problemas eventuais possam ser diagnosticados e tratados de forma mais rápida e eficaz.
Resumo |
● O linfoma não Hodgkin, uma neoplasia de células do sistema imune, é a terceira neoplasia mais comum em crianças, sendo a maioria de crescimento rápido, curso agressivo e com grande capacidade de disseminação. O tratamento quimioterápico é o mais eficaz para o LNH e, em razão dos avanços científicos, a chance de sobrevida dos pacientes com LNH ultrapassou 80%. ● O linfoma de Hodgkin é constituído pelo aumento progressivo dos linfonodos, que está relacionado à reação associada à célula maligna. Na maioria dos casos, é de crescimento lento e indolor. O tratamento do LH é, geralmente, realizado com quimioterapia, e às vezes com associação da radioterapia. Contudo, os pacientes submetidos a esse tratamento, apesar de terem bom prognóstico, devem ser acompanhados no pós-tratamento, com o intuito de se tratar com rapidez eventuais problemas. O local mais comum do linfoma de Hodgkin (LH) é o gânglio cervical lateral. Seu diagnóstico é realizado por meio de uma biópsia. Tem bom prognóstico. |
Relator:
Flavio Augusto Luisi
Presidente do Departamento Científico de Oncologia da Sociedade de Pediatria
de São Paulo