O Dia Mundial da Saúde Bucal foi criado em 20 de março de 2013 para conscientizar a população mundial sobre a importância dos cuidados com a saúde bucal. A cada três anos, a Federação Dentária Internacional (FDI) lança um tema para ser desenvolvido. O tema para o triênio de 2024 a 2026 é “Uma boca feliz é …”.
Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde, as doenças bucais afetam cerca de 3,5 bilhões de pessoas e podem estar associadas a problemas graves de saúde, além de causarem dor, desconforto, isolamento social, perda de autoconfiança, entre outros.
A saúde geral do paciente está relacionada com a saúde bucal. Algumas doenças podem se instalar e se agravar pela falta de cuidados odontológicos.
Vamos fazer uma reflexão juntando o tema “uma boca feliz” com o enfoque principal deste blog, de divulgar conhecimentos científicos de saúde da criança e do adolescente?
Será que podemos considerar uma boca feliz somente aquela que não tem cárie ou doenças da gengiva?
Na verdade, não é só isso, pois a saúde bucal compreende não somente a ausência destas condições e outras patologias, mas também um equilíbrio de funções orais, como a fala, mastigação e deglutição.
Uma boca feliz começa desde a gestação. Os dentes de leite já iniciam sua formação no segundo mês de vida intrauterina. Boa alimentação materna e cuidados com a sua saúde favorecem o desenvolvimento saudável da dentição.
Após o nascimento, o aleitamento materno tem um papel importantíssimo, não só para a saúde geral da criança, como também para a saúde bucal. O exercício que a criança realiza durante a amamentação favorece o crescimento e desenvolvimento harmonioso da oclusão, da face, além de preparar músculos e demais estruturas da face para as funções orais.
Durante a introdução da alimentação complementar, é importante haver uma evolução nas texturas e tamanhos dos alimentos, para que a criança inicie o treinamento da mastigação que, nesta fase, mesmo sem ter dentes erupcionados, precisa aprender a colocar e levar a comida de um lado para outro na boca.
O nascimento dos primeiros dentes implica em duas condutas importantes: 1. Visitar o cirurgião-dentista, de preferência o odontopediatra; 2. Iniciar a limpeza dos dentes com escova de cabeça pequena, cerdas macias e pasta de dentes com 1.100 partes por milhão (ppm) de flúor, sendo a quantidade da pasta equivalente a um grão de arroz para essa idade.
A conscientização das famílias sobre o impacto negativo do uso da mamadeira e chupeta faz parte da manutenção para uma “boca feliz”. Estes hábitos mantidos por tempo prolongado afetam fortemente a posição dos dentes, a deglutição, mastigação, fonação e podem aumentar o risco de a criança sofrer traumatismo dentários.
Conforme a criança vai crescendo, o monitoramento e acompanhamento do odontopediatra propiciará o desenvolvimento de “uma boca feliz” até a idade adulta. Várias situações podem ocorrer durante a troca dos dentes de leite (decíduos) pelos permanentes e, quando diagnosticadas precocemente, poderão favorecer o desenvolvimento saudável da boca.
A educação e conscientização da família é fundamental para conquista de “uma boca feliz”! Quando a promoção da saúde bucal segue no período da gestação, o resultado será uma família que cuida de seus filhos desde o início de forma saudável e ao longo da vida.
Hoje é possível viver sem a maioria das doenças bucais, que podem e devem ser prevenidas, de forma simples e com baixo custo, por meio da conscientização e de orientações atualizadas!
Relatoras:
Adriana Catia Mazzoni
Cristina Giovannetti Del Conte
Núcleo de Estudos de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo