Dia Mundial da Juventude

Dia Mundial da Juventude

No dia 30 de março comemora-se o Dia Mundial da Juventude, data marcada para celebrar a contribuição dos jovens na criação da sociedade. São considerados jovens todos aqueles com idade entre 15 e 29 anos: pessoas em fase de transição de ciclo de vida, que vivenciam realidades diferentes na busca da constru­ção de sua identidade, autonomia, aprendizagem, profissão, independência financeira, possibilidade de inovação e participação ativa na economia.

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 os jovens entre 15 e 29 anos correspondiam a 23% da população brasileira, ou seja, mais de 47 milhões de pessoas.

Apesar de na juventude as pessoas terem menos problemas de saúde do que na infância, esse é um momento delicado. Longe de seus responsáveis, os jovens tendem a priorizar outros aspectos da vida, como amizades, relacionamentos, hobbies e estudos, deixando de lado os cuidados clínicos preventivos. Além disso, podem apresentar dificuldades financeiras, prejudicando o acesso ao transporte e à medicação. A situação torna-se ainda mais grave quando os jovens são portadores de doenças crônicas, pois necessitam de acompanhamento contínuo e muitas vezes frequente.

Países que não investem e não cuidam da saúde de seus jovens têm seu futuro como nação comprometido em curto espaço de tempo. É preciso ensinar-lhes autocuidado e autogestão, assim como estimular que lutem por seus direitos.

No Brasil, a Constituição Federal, o Estatuto da Juventude e outros documentos oficiais, tanto nacionais quanto internacionais nos quais o país é signatário, garantem diversos direitos aos jovens. Infelizmente, nem tudo que está no papel acontece na realidade. São adquiridos, por exemplo, o direito à diversidade e à igualdade de direitos e de oportunidades, independentemente de cor/raça, sexo, gênero e orientação sexual. No entanto, dados oficiais mostram que:

  • Jovens do sexo masculino têm uma taxa de mortalidade 3,5 vezes maior do que jovens do sexo feminino;
  • Jovens do sexo masculino de 20 a 24 anos têm 11 vezes mais chances de sofrerem uma morte violenta se comparados às jovens do sexo feminino na mesma idade;
  • As estatísticas oficiais tendem a invisibilizar a juventude não binária e a indígena.

 

A juventude brasileira sempre precisou de um olhar atento de toda a sociedade no que diz respeito à sua saúde, mas isso tornou-se ainda mais urgente, levando-se em consideração a pandemia do coronavírus, que impactou gravemente a saúde física e mental dos jovens, como descrito no quadro 1.

 

Quadro 1

 

 

Para 29% dos jovens entrevistados, a pandemia piorou muito seu estado emocional e 41% referiram que piorou um pouco. Isso, somado às incertezas e inseguranças dessa fase da vida, levou a um aumento expressivo das taxas de depressão, principalmente entre pessoas de 18 a 24 anos, como pode ser visto no quadro 2.

 

Quadro 2

 

Outro importante marcador em saúde é a gravidez na adolescência. Apesar dos índices estarem, aos poucos, regredindo no Brasil, isso vem acontecendo de forma mais lenta do que nos outros países. Enquanto 46 a cada mil partos no mundo são de meninas entre 15 e 19, em nosso país ela é de 68,4 nascimentos a cada mil partos, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

E a educação integrada é vista como uma das melhores ferramentas para a prevenção da gravidez na adolescência; entretanto, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a taxa de desistência no ensino médio na rede pública mais do que dobrou entre 2020 (2,3%) e 2021 (5,6%). Segundo pesquisa do IBGE, a faixa etária com maior número de pessoas fora das escolas é justamente a de jovens entre 15 e 17 anos de idade (quadro 3).

 

Quadro 3

 

Ciente das peculiaridades que envolvem a juventude, a Sociedade de Pediatria de São Paulo criou um grupo de estudos voltado para orientar e ajudar pediatras, pais, escola e sociedade no processo de transição dos cuidados da infância e adolescência para a vida adulta.

Promover discussões, elaborar protocolos e advogar em prol dos jovens, são ações que devem ser vistas como prioridades, pois com o crescente envelhecimento da população brasileira, a juventude será segmento estratégico, responsável pela geração de recursos. Para que possam exercer seu papel, os jovens precisam ter as condições necessárias para se desenvolverem de forma saudável, com acesso a todos os direitos garantidos formalmente em nosso país.

A juventude tem o potencial de protagonizar agendas globais e locais de desenvolvimento social, mas, para isso, precisa do apoio de suas famílias, escolas, sociedade, governos e outros parceiros.

 

Saiba mais:

  1. https://juventudesdoagora.com.br/wp-content/uploads/2022/08/doc-atualizado-16-08.pdf
  2. https://atlasdasjuventudes.com.br/
  3. https://www.feac.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Guia-Juventudes-e-os-DSR-Revisao-Julho-2019.pdf

 

Relatoras:
Andrea Hercowitz
Coordenadora do Grupo de Trabalho da Fase de Transição para a Vida Adulta
Membro do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Elizete Prescinotti Andrade
Presidente do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo