Quinze de fevereiro é o Dia Internacional do Câncer na Infância. O objetivo é conscientizar a sociedade, enfatizar a importância do diagnóstico precoce e expressar apoio às crianças e adolescentes com câncer e suas famílias.
Com uma incidência de 16 casos por 100 mil habitantes menores do que 19 anos, o câncer é a primeira causa de morte, por doença, em crianças e adolescentes no Brasil. Entretanto, menos da metade dos casos chegam aos centros de tratamento especializados.
Nos adultos, a maioria dos casos está associada a fatores externos, tais como: a exposição ao sol (radiação ultravioleta), exposição e manuseio prolongado de derivados de petróleo, agrotóxicos e o tabagismo.
Por outro lado, em crianças e jovens a doença não está diretamente associada a fatores de risco externos, exceto pela radiação ionizante (Rx) e alguns vírus como Epstein-Barr e da Hepatite B.
Todavia, a maioria dos cânceres nas crianças decorre de alterações no DNA que aconteceram antes do nascimento ou no início da vida. E quando o processo de divisão celular não é perfeito essa mutação genética é chamada adquirida.
Desse modo, as causas são indefinidas, difíceis de prevenir e não apresentam sinais específicos, pois, nas fases iniciais da doença, os sintomas podem ser confundidos com outras doenças (febre, palidez, vômitos, dores nos ossos e articulações). Entretanto, se esses sinais e sintomas inespecíficos não forem cuidadosamente valorizados, poderá ocorrer detecção tardia da doença.
Pais, responsáveis, avós, tios e professores, podem contribuir para identificar os primeiros sintomas, mas é importante salientar que não significa que a criança ou o adolescente tenha câncer. Por essa razão, o pediatra que acompanha ou que atendeu a criança ou o adolescente, ao identificar os sinais e sintomas de alerta, poderá iniciar a investigação e encaminhar o paciente para atendimento, diagnóstico preciso, tratamento e acompanhamento num serviço especializado de Oncologia.
Os sintomas e sinais que merecem atenção e investigação são:
*Febre prolongada, sem uma causa aparente e que não melhora com medicamentos;
*Inchaço nas gengivas, amolecimento repentino dos dentes com perda dentária anormal para a idade;
*Manchas roxas na pele sem causa conhecida;
*Dor de cabeça matutina frequente;
*Fraqueza ou paralisia de um lado do rosto ou corpo;
*Gânglios aumentados (ínguas) por período superior a 4 semanas;
*Falta de ar progressiva, sem febre, asma ou alergia;
*Barriga inchada ou endurecida;
*Presença de sangue na urina;
*Dor persistente nos ossos e / ou articulações, sem causa conhecida;
*Reflexo branco no olho ao tirar fotografia com flash;
Os cânceres em crianças e adolescentes são considerados mais agressivos e se desenvolvem rapidamente; por outro lado, as crianças respondem melhor ao tratamento e, apesar da incidência ser bem menor que dos adultos, o número de vidas salvas é significativamente maior.
Uma criança ou adolescente com câncer, se for tratado em centros de referência, tais como: GRAACC, ITACI, Boldrini (Barretos – SP) e outros, terá mais de 70% de chance de ser curado. Esses hospitais oferecem as melhores práticas no tratamento de crianças e adolescentes com neoplasias malignas.
Devemos enfatizar a necessidade de expandir e estimular a capacidade atual no diagnóstico e tratamento do câncer na infância e adolescência, incluindo a disponibilidade de medicamentos e tecnologias e ser integrado nas políticas estratégicas nacionais.
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Relator
Flavio Augusto Luisi
Departamento Científico de Oncologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo