No dia 21 de setembro é comemorado o Dia do Adolescente. Essa data foi instituída há alguns anos para celebrar esse processo de transição tão esperado e, ao mesmo tempo, tão temido pelas famílias e pelos adolescentes.
A adolescência deve ser motivo de celebração, por ser um rito de passagem da infância para a vida adulta. Adolescer é crescer e esse crescimento não se resume à primeira menstruação, ao primeiro beijo, ou a passar em uma faculdade – adolescer é metamorfose. E a única certeza que temos da vida é a nossa mudança. Somente quando somos fetos dentro do útero de nossas mães crescemos tanto quanto na adolescência.
É o chamado estirão de crescimento e junto dele temos o desenvolvimento do cérebro de uma maneira incrivelmente complexa. Nossas memórias da infância reaparecem na adolescência, sejam elas boas ou ruins. O corpo físico e o comportamento mudam em uma velocidade tão grande que os jovens ‘dormem de um jeito e acordam de outro’. Toda essa transformação pode até assustar. Divergências com a família e na escola são desafios diários dessa fase de transição.
Mas como estabelecer relações humanas entre as famílias para que esse rito seja vivido com leveza em uma sociedade tão preocupada com o “ter” em vez do “ser”? Em tempos pós-pandêmicos com horas ilimitadas de telas, excesso de ansiedade e sintomas depressivos, pouco convívio familiar, você faz ao menos uma refeição à mesa com sua família?
Existe fórmula mágica para manter uma escuta efetiva com seu jovem? Devemos lembrar que a adolescência é um caminho que começa antes da concepção e muitas questões virão à tona nesse momento de mudanças físicas e psíquicas. Estamos preparados para tudo isso?
Por vezes parece difícil olhar aquele ser humano que antes pedia para amarrar os cadarços e agora nos impede de entrar em seu quarto, não pede opinião sobre suas roupas, músicas e escolhe sozinho seus amigos. Tarefa difícil para a maioria das famílias.
Podemos refletir sobre todos estes aspectos e criar um ambiente de diálogo em casa, sem preconceitos, deixando qualquer juízo de valor de lado e estabelecer uma escuta ativa, baseada no amor, a fim de conseguirmos efetivamente uma parceria harmoniosa, onde a empatia predomine.
Famílias, procurem ajuda! Terapias e aconselhamentos sempre que for possível poderão ser valiosos nesse momento. Sabemos que o contato com a natureza melhora o desempenho emocional. O ócio – não fazer nada – é um bom elemento de reflexão para todos da família.
Controle parental de telas sempre: limites e combinados são fundamentais.
Ouçam os sinais que os adolescentes deixam nas entrelinhas – as mensagens subliminares: eles são craques neste quesito.
Bom adolescer a você e seu jovem, com muita vida e alegrias nesse processo belo e desafiador.
Vamos juntos comemorar este dia?
Relatora:
Carolina Cresciulo
Departamento Científico de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo
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