Dia 17 de agosto é o Dia do Amor

 Dia 17 de agosto é o Dia do Amor

Todo amor é especial, mas nenhum é tão único quanto o amor de mãe! Quando começa o amor? Pode ser antes da primeira vista?

Antes mesmo do nascimento, os pais e mães geralmente são invadidos por uma grande mistura de emoções e ansiedades, sentimentos que realmente dão o tom da futura relação com o filho. Durante a gestação ocorre a primeira etapa da vinculação, caracterizada pelas representações do bebê imaginário, o qual corresponde às fantasias e os desejos dos pais. Durante esse período, a vinculação é construída através do anúncio da gravidez, a primeira ultrassonografia obstétrica, a audição dos batimentos cardíacos e a percepção dos movimentos do bebê. Desde a concepção, mães e bebês compartilham um sistema intrincado de relações, que se organizam e se modificam por meio do fluxo da evolução e de eventos que estão relacionados ao desenvolvimento do binômio.

 

Amor de mãe é tão forte, que mesmo o cordão umbilical tendo sido cortado, ela sentirá como se não tivesse sido. Há um cordão divino unindo-a ao filho!

A segunda fase de desenvolvimento da vinculação e do amor ocorre no parto e pós-parto imediato, sendo influenciada pelo trabalho de parto e pelo encontro com o bebê real, o qual é possível ver, tocar e ouvir. Destaca-se que a experiência positiva do parto pode ser um facilitador da ligação mãe-bebê.

A última fase é a vinculação pós-natal, estabelecida através da capacidade da mãe em responder às necessidades do seu filho e do feedback deste ser satisfatório para ela. O puerpério começa entre uma a duas horas após a saída da placenta e tem seu fim indeterminado, uma vez que enquanto a mulher amamentar ela vai continuar sofrendo alterações em seu corpo e mente.

Em relação às questões psicológicas, o puerpério é o período mais crítico do ciclo gravídico-puerperal, pois é nesse momento que as fantasias se confrontam com a realidade e o casal finalmente encontra-se diante da maternidade e da paternidade.

O nascimento de um bebê modifica a vida do casal, e particularmente a da mãe. A resposta da mãe às diferentes mudanças que ocorrem nesse período é influenciada por aspectos individuais e ambientais, enfatizando-se o apoio que ela recebe do seu círculo social mais próximo, especialmente do pai do bebê. A disponibilidade de apoio social favorece uma maternagem responsiva, especialmente em situações estressantes, facilitando a construção de um apego seguro entre mãe-bebê e afetando diretamente a criança por meio do contato dela com os integrantes da rede de apoio.

 

E se não houver amor imediato?

Algumas mães não sentem aquele amor profundo por seus bebês rapidamente, muitas vezes porque apareceram problemas durante a gestação, experiências negativas no momento do parto ou a criança não é exatamente como sonhava. Decepção, estresse e exaustão são fortes o suficiente para dificultar a vinculação e o desenvolvimento dos laços afetivos. Mas felizmente esses efeitos não são para sempre e podem ser minimizados com o apoio do pai, da família e da equipe de profissionais que atende ao binômio.

É fundamental que a mãe possa ter contato próximo com o seu bebê, o mais cedo possível. Mesmo que não possa ficar bem grudadinha com ele desde o início, já irá criar laços de amor, que irá crescer com o tempo. Se o bebê nasceu prematuro ou com algum problema de saúde, a mãe deve ser incentivada a estar com ele sempre que possível. Pesquisas recentes apontaram que o contato pele a pele dos pais é um dos melhores tratamentos para o bebê, especialmente os prematuros. E vale dizer que o toque do papai é tão tranquilizador quanto o da mamãe nesses casos.

Após essa fase inicial turbulenta, se a mãe se sentir apoiada e segura, o amor irá surgir e se desenvolver nos primeiros meses de vida, pois a vinculação materna é descrita como um processo gradual de envolvimento afetivo entre ambos, que se estabelece também na dependência do desenvolvimento de certas competências por parte do bebê, por meio do qual o bebê participa na ligação afetiva que a mãe vai ter com ele. O comportamento do bebê interfere na vinculação materna, ressaltando-se, então, que este não é um processo de mão única. Além disso, a relação inicial entre a mãe e seu filho caracteriza-se por ser pouco estruturada, com o predomínio de uma comunicação não verbal, sendo intensamente emocional e mobilizadora. Nesse sentido, mãe e bebê desenvolvem um padrão de relação muito particular, no qual se afetam reciprocamente.

 

O amor de mãe é um amor que se desenvolve e cresce de forma absoluta, única, constante e consegue atravessar a vida, se duvidar até a morte!

É importante lembrar que o amor, por qualquer pessoa nova em nossa vida, cresce com o tempo. O bebê vai aprender a gostar muito de quem o segurar no desespero do choro ou que o alimenta na hora da fome. Ele vai sentir sua falta nos momentos de ausência e vibrar de alegria quando você estiver por perto. Isso pode até não ser “amor” segundo a definição dos adultos, mas é um dos sentimentos mais fortes que os bebês conhecem.

É impossível “estragar” um bebê com amor, atenção e afeto. Quando se conforta um filho, o que ocorre na realidade é a construção de uma base de confiança que vai durar a vida toda.

 

Relatora:
Lilian dos Santos R. Sadeck
1ª Secretária da Diretoria Executiva da Sociedade de Pediatria de São Paulo 

 

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