Lucia Fontes
Assessoria de Imprensa da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Um dos destaques da Revista Paulista de Pediatria de março de 2011 é o artigo de autoria de Amabile Vessoni Arias e colaboradores que comparou as habilidades motoras finas de lactentes nascidos a termo pequenos para a idade gestacional (PIG) com as habilidades de bebês adequados para a idade gestacional (AIG) no 3º mês de vida.
Conforme explicam os autores, enquanto o desenvolvimento neurológico de crianças nascidas prematuras PIG e AIG tem sido exaustivamente estudado durante as últimas décadas, menor atenção foi dispensada às crianças nascidas a termo PIG. Embora haja algumas evidências de que os lactentes a termo PIG possam estar propensos a um risco maior para a paralisia cerebral, esta condição afeta poucas crianças, sendo mais comuns as alterações do neurodesenvolvimento. Alguns autores relataram atraso motor em algumas etapas da infância, uma prevalência maior de problemas motores relacionados ao desempenho acadêmico de adolescentes e à realização profissional de adultos; entretanto, outros estudos não apóiam esses resultados. Nesse contexto, o estudo realizado em cooperação entre o Departamento de Neurologia, o Centro para Investigação em Pediatria (Ciped) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp e o Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Metodista de Piracicaba, em São Paulo, buscou avaliar o desenvolvimento motor e neurológico de 67 lactentes (21 PIG e 46 AIG) no 3º mês de vida.
O estudo aponta para a observação de que bebês PIG, aos três meses de vida, podem apresentar uma maior movimentação de membros superiores que os levou a realizar a prova alcança o aro suspenso (mover o braço de propósito em direção a um aro suspenso de 20 a 25 centímetros diretamente acima dos olhos da criança) com maior frequência, quando comparado ao grupo de bebês adequados para a idade gestacional (AIG). No entanto, essa observação não foi interpretada como sendo uma condição de superioridade no que se refere ao desenvolvimento neuromotor do grupo PIG, afirma Amabile Vessoni Arias, uma das autoras do artigo e também doutora em Ciências Médicas pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nossa pesquisa aponta para a necessidade de maior vigilância no desenvolvimento infantil deste grupo de bebês, na busca pelo diagnóstico e intervenção precoce. Esse olhar indiscutivelmente alcança as ações das políticas públicas em saúde no Brasil e busca voltar as atenções para esta população de estudo, destaca Amabile.
Segundo Amabile, os bebês pequenos para a idade gestacional (PIG) têm sido alvo de estudos por representar um modelo de desnutrição intra-uterina em estágios precoces da vida. Esses bebês podem apresentar condições de limitações permanentes em sua capacidade intelectual e motora. Dessa forma, a busca por respostas vem sendo incessante e merece apoio dos meios de divulgação para a sociedade. Toda divulgação de resultados científicos advindos desta população de estudo (o bebê PIG) proporciona uma peça para o entendimento do desenvolvimento do mesmo, finaliza Amabile Vessoni Arias.
Texto divulgado em 9/05/2011.