O leite materno é o melhor alimento para seu bebê, e tem mais!
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, na sua habilidade de se defender contra infecções e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam o aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos.
Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a doenças infecciosas e nutricionais.
A anemia ferropriva, ou seja, falta do mineral Ferro é a maior deficiência nutricional das crianças no Brasil. Nas crianças menores de 2 anos, a proporção de anêmicos situa-se entre 50 a 83% da população infantil nessa faixa etária.
E acontece justamente no período da vida em que se desenvolve grande parte das potencialidades humanas. Os distúrbios nutricionais que incidem nos dois primeiros anos de vida são responsáveis por graves consequências futuras para as crianças.
Prevenção da Deficiência do Ferro e da Anemia Ferropriva
No primeiro ano de vida, na falta do leite materno use uma fórmula láctea apropriada para a idade de seu bebê, não use o leite de vaca integral (Longa Vida, por exemplo).
Os chás contêm taninos que reduzem a absorção do ferro, cuidado!
Não ofereça leite nos horários das papinhas: almoço e jantar. O Cálcio do leite diminui a absorção do Ferro dos alimentos. Um suco cítrico natural da fruta é o ideal para acompanhar, contém vitamina C que aumenta a absorção do ferro alimentar. Veja na tabela as frutas que tem o maior teor de vitamina C, você terá surpresas.
Fonte | mg de Vitamina C em cada 100 gramas |
Caju e Goiaba | 219 mg |
Morango, Kiwi e Laranja | 70 mg |
Abacaxi, Manga, Limão | 61 mg |
Carambola, Tangerina, Maracujá, Melão | 30 mg |
A papinha também deve ser rica em ferro animal (chamado ferro heme) de maior absorção e ferro vegetal (chamado ferro não heme) de menor absorção. Veja a tabela.
FERRO HEME (animal) | mg de Ferro em cada 100 gramas |
Fígado (bovino)
Coração, moela e fígado (frango) |
12,1 mg |
Carne (bovina) | 3,.2 mg |
Carne (frango) | 2,0 mg |
FERRO NÃO HEME (vegetal) | mg de Ferro em cada 100 gramas |
Brócolis cru | 15 mg |
Espinafre cru e lentilha cozida | 3,0 mg |
Beterraba crua e feijão cozido | 2,5 mg |
Veja que existem muitos mitos em termos de “riqueza” de Ferro em certos alimentos, e ainda o cozimento dos vegetais e carnes promove grandes perdas de Ferro.
Sem contar ainda com certos alimentos que atrapalham a absorção do Ferro: Clara do ovo, refrigerantes, café e por incrível que pareça os cereais integrais, que contem fitatos que diminuem a absorção de ferro.
Recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria
Diante dessa dificuldade em obter o ferro da alimentação, a Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza a suplementação medicamentosa preventiva de ferro a partir do 6º mês (crianças em aleitamento materno) ou a qualquer momento a partir do desmame, até o 24º mês de vida e, obrigatoriamente, após os dois anos de idade, converse com seu pediatra, ele é o profissional qualificado para orientar sobre todos os cuidados, para que seu bebê realmente se transforme em um “homem de ferro”!
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Relator:
Dr. Tadeu Fernando Fernandes
Presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da SPSP
Publicado em 13/11/2013.
photo credit: LaoWai Kevin via photopin cc
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