Dermatite atópica na infância e adolescência

Dermatite atópica na infância e adolescência

A dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele causada por reação de hipersensibilidade do organismo a certas substâncias alergênicas. Pode ser acompanhada de asma, rinite e ou conjuntivite alérgica.

A tendência de desenvolver dermatite atópica é geralmente herdada dos pais, mas também depende da exposição do organismo a substâncias alergênicas presentes no ambiente, tais como: poeira, ácaros, fumaça de cigarro, alimentos, infecções etc. O clima frio e seco também piora a doença e fatores emocionais, como estresse, podem desencadear ou agravar as crises. A oleosidade natural da pele é uma barreira de defesa contra substâncias do ambiente, variações do clima e infecções. No paciente atópico, por sua vez, a pele é mais seca, tendo menos resistência às agressões ambientais.

Tawny van Breda | pixabay.com

A dermatite atópica pode aparecer em qualquer idade, mas é mais comum na infância. Na maior parte das crianças ela começa a partir dos três meses de idade e tende a desaparecer próximo da adolescência. No entanto, em cerca de 20% dos casos, pode permanecer até a idade adulta.

Geralmente ela se manifesta por crises, com períodos de piora e melhora. A lesão característica é o eczema, que aparece como vermelhidão, bolinhas e ressecamento da pele, sempre acompanhado de muita coceira. A localização das lesões varia com a idade: nos bebês, as lesões aparecem no rosto (bochechas), braços e pernas; em crianças maiores, adolescentes e adultos nas dobras dos braços e das pernas. Também são comuns descamação e coceira nas mãos (palmas) e pés (plantas).

Tratamento

Ainda não se conhece a cura para a dermatite atópica, porém o tratamento adequado pode conseguir controle bastante satisfatório das crises. Evitar os fatores que podem desencadear e agravar a doença e usar roupas de algodão são medidas importantes no controle da dermatite.

Os principais pontos do tratamento são:

1. Melhorar o ressecamento da pele: banhos rápidos, mornos, sem buchas, com limpadores ou sabonetes suaves somente nas áreas das dobras, região genital e nádegas. Secar a pele sem esfregar. Aplicar hidratante imediatamente sobre a pele ainda úmida.

2. Controlar o prurido (coceira): hidratação da pele e utilização de medicação por via oral (anti-histamínicos, também chamados antialérgicos).

3. Combater a infecção: antibióticos apropriados prescritos pelo médico especialista.

4. Controlar as crises: anti-inflamatórios tópicos passados no local.

Casos graves podem necessitar de outros tratamentos.

Deixar a dermatite evoluir sem tratamento ou com controle insuficiente prejudica tanto o desenvolvimento físico como psíquico. A pele lesada pode ser alvo de infecções que abalam a saúde como um todo, podendo prejudicar o crescimento da criança. A coceira constante prejudica o sono, levando à perda do rendimento escolar, dificuldade de relacionamento e também diminuição do crescimento, pois o hormônio do crescimento é secretado durante o sono. O tratamento apropriado não cura, mas garante controle do problema melhorando muito a qualidade de vida.

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Relatora:
Dra. Silmara Cestari
Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Publicado em 24/07/2019