Nunca vimos tantos meninos preocupados com seus pelos pubianos… Uma das grandes preocupações para alguns meninos durante o processo de transformação puberal é o crescimento dos pelos. Justificável num contexto em que estudos demonstram que praticamente 40% dos homens reduzem de alguma forma sua quantidade de pelos, um fenômeno que até pouco tempo era exclusivo do sexo feminino.
Os motivos da preocupação com os pelos e a prática da depilação são inúmeros. Desde a questão do descontentamento, desconforto, higiene e melhor exposição do pênis. Mas ainda hoje, existe um ambiente cultural, onde o pelo não é mais visto como era antes. Pesquisas realizadas com indivíduos do sexo feminino corroboram a ideia e a preferência de mais da metade das mulheres por uma região pubiana com menos pelos.
Não há nenhum problema nessa prática, desde que seja realizada com cuidados. Isso se aplica particularmente para a região escrotal dos meninos, uma região onde a prática da retirada dos pelos merece mais atenção e cuidados, por ser muito mais sensível. Os métodos de depilação são semelhantes aos das meninas. Deve-se lembrar a diferença entre epilar (retirar todo o pelo, inclusive com sua raiz) e depilar (retirar apenas a haste do pelo).
A ideia de que a depilação faz o pelo modificar-se (ficar mais “grosso”) é um grande mito. Obviamente, a depilação (com uma lâmina, por exemplo) corta a haste e após o reinício do crescimento (já com seu diâmetro prévio) haverá uma sensação palpatória mais nítida do crescimento.
Como orientar na prática?
Para os meninos que querem apenas “aparar” (a maior parte dos meninos), a melhor orientação é usar uma máquina específica para pelos corporais, com pentes específicos ou uma tesoura. Não se deve utilizar uma máquina para barba, particularmente na região escrotal.
Se o menino preferir depilar com aparelho portátil, que faça preferencialmente no banho (hidratação), utilize uma lâmina nova (machuca menos) e específica para corpo, sem esquecer de espumas e cremes facilitadores do deslize. Cremes depilatórios também podem ser utilizados, mas devem ser testados previamente devido aos maiores riscos de irritação da pele em indivíduos mais sensíveis. A depilação com “cera” dura mais tempo, mas é menos “popular” entre os adolescentes e deve ser realizada apenas por profissionais qualificados.
Relator:
Benito Lourenço
Presidente do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Foto: exopixel | depositphotos.com