Os atropelamentos são responsáveis por 50 % das mortes no trânsito, mas em centros urbanos em desenvolvimento podem ultrapassar 70%. São provocados por grande número de automóveis circulantes, más condições das ruas e calçadas, sinalização ineficiente, deficiência na educação para o trânsito e impunidade ao motorista infrator.
Os fatores que sabidamente estão relacionados ao risco aumentado de atropelamentos são: meninos, faixa etária de 3 a 12 anos, número de ruas que as crianças atravessa, atravessar a rua no meio da quadra, horários escolares e moradias sem quintal ou área de recreação.
Até os 2 anos de idade, o risco de atropelamento é baixo e depende mais da habilidade do adulto que conduz a criança pela rua. Até os 5 anos são impulsivas, curiosas e têm um comportamento imprevisível. Não possuem capacidade de autoproteção, portanto jamais devem ficar sem a supervisão de um adulto mesmo no ambiente doméstico. Nessa fase o atropelamento é causado por veículos a motor dando ré em vias de circulação, como saídas de garagens e estacionamentos.
No período escolar aumenta a incidência de atropelamentos de crianças entre 6 e10 anos. Embora já possam compreender o perigo, são incapazes de quantificá-lo. A falta de concentração adequada, o comportamento impulsivo e a dificuldade em avaliar a velocidade dos veículos fazem com que os atropelamentos nessa fase sejam mais comuns no centro dos quarteirões e nos cruzamentos.
A adolescência é o período de maior exposição aos riscos de acidentes. Embora já seja capaz de fazer julgamentos adequados e ter noção do perigo a partir dos 12 anos, o comportamento característico dessa fase é de desafio às regras. Os adolescentes sofrem influência dos amigos e têm necessidade de auto-afirmação, além de já estarem expostos ao risco do consumo de álcool e drogas, por isso, exigem dos pais a necessidade de supervisão constante.
Para que o pedestre circule pelas ruas com mais segurança, deve andar na calçada sempre longe do meio fio, em filas únicas, em sentido contrário ao dos veículos, principalmente quando não houver calçadas. Nas estradas, deve fazer o mesmo, utilizando o acostamento. Ao cruzar a via pública, deve fazê-lo somente na faixa própria, obedecendo a sinalização e, quando não houver faixa, atravessá-la perpendicularmente às calçadas.
Antes de atravessar as ruas, deve ficar longe do meio-fio, ficar em local visível, prestar atenção em carros parados ou outros objetos que possam estar bloqueando a visão, olhar para ambos os lados e estabelecer contato visual com o motorista, para se assegurar que está sendo visto e sempre obedecer e respeitar a sinalização de trânsito.
Transporte de bicicleta
Atualmente, nas cidades grandes e pequenas, as pessoas estão utilizando muito a bicicleta como meio de transporte. O ciclista (de qualquer idade) deve ser orientado a respeitar as regras de trânsito e seguir as normas de segurança para poder circular sem perigo.
Os tipos mais comuns de acidentes com crianças que usam bicicleta são as quedas, sendo o traumatismo craniano a conseqüência mais grave. Andar de bicicleta sem equipamento de segurança aumenta significativamente o risco de traumas cranianos. Os ciclistas que não usam capacete têm 14 vezes mais chance de sofrer um acidente fatal, além das lesões que podem deformar o rosto e as fraturas de braços ou pernas. Portanto o capacete para o ciclista é uma necessidade e não um simples acessório. Nos ciclistas, o uso do capacete pode reduzir traumatismos cranianos em cerca de 60% dos casos.
Mais de 70% dos acidentes com bicicletas e das mortes ocorrem em meninos, com idade inferior a 14 anos, estando 5 vezes mais propensos a se envolverem em acidentes de bicicleta. A maioria dos acidentes acontecem em ruas de pequeno tráfego, a aproximadamente 1 km de casa e durante o período noturno o risco é cerca de 4 vezes maior. Diante desta realidade, as normas de segurança não devem jamais ser deixadas de lado.
Ao comprar a bicicleta, os pais devem verificar seu tamanho para facilitar o controle. Ele estará adequado quando a criança for capaz de apoiar os pés inteiros no chão, mesmo estando sentada no banco. Verificar se possui adesivos refletores nos pára-lamas dianteiro e traseiro e nos pedais. Não esquecer de adquirir o capacete para ciclista adequado ao tamanho da criança, que também deve possuir adesivos refletores. O capacete é um dispositivo simples e eficiente e deve ser usado durante todo o tempo e em todos os trajetos. Estará na posição correta quando cobrir toda a parte superior da testa, protegendo-a assim contra impactos importantes.
Antes de sair, verificar se a altura do banco da bicicleta está adequada. O ideal é que com o pé apoiado no pedal, a perna da criança fique levemente dobrada (isto evita sobrecarga nos joelhos ao pedalar). As correntes da bicicleta devem estar limpas e lubrificadas. Os freios devem estar com pressão adequada, pois freios sem manutenção podem fazer com que o pneu traseiro derrape em pistas molhadas e não esquecer de calibrar os pneus. O ciclista deve usar roupas leves e coloridas (verde claro, amarelo ou laranja), para facilitar a visualização por pedestres, motoristas e outros ciclistas. Não usar fones de ouvido e pedalar sempre de tênis. Tomar muito cuidado com alças de mochilas, mangas de casacos ou objetos que possam atingir os aros da bicicleta ou enroscar nos pedais.
Quem já pedala pelas ruas, junto com o trânsito, deve conhecer as normas de segurança para a circulação de bicicletas:
- Não andar na contramão, nem sobre as calçadas para não haver acidentes com pedestres.
- Sempre andar pela direita, junto com o fluxo de trânsito, jamais contra ele.
- Evitar pedalar por avenidas, ruas e estradas com grande fluxo ou onde circulem muitos caminhões e ônibus.
- Tomar cuidado com situações perigosas na pista, como depressões, lombadas, pedregulhos, areia ou poças de água.
- Obedecer rigorosamente a sinalização de trânsito. A bicicleta deve ter o mesmo comportamento dos automóveis.
- Ficar atento com automóveis saindo ou entrando de garagens, veículos dando marcha à ré e pessoas cruzando a rua.
- Andar a pelo menos 1 metro de distância dos automóveis estacionados, pois alguém pode abrir a porta inesperadamente.
- Manter sempre as mãos nos freios ou perto deles.
- Estar sempre preparado para parar.
Relatora: Dra. Regina Maria Brunetti Kaiser Pirito
Presidente do Departamento de Segurança Infantil da SPSP; Médica especialista em Medicina de Tráfego, São Paulo, SP.
Texto original divulgado em 2005.
Texto atualizado em 6/09/2007.