Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 30/06/2021
No início de 2021, foram publicados alguns estudos, em especial um israelense (Perl e colaboradores) e outro americano (Gray e colaboradores), que identificaram anticorpos no leite materno de lactantes vacinadas com a vacina da Pfizer-BioNTech, à época não disponível no Brasil. Esses anticorpos poderiam, provavelmente, proteger os recém-nascidos e crianças maiores em aleitamento materno contra a Covid-19.
Foi iniciado, então, estudo semelhante no Instituto da Criança e do Adolescente do HCFMUSP, utilizando o leite doado por 20 voluntárias vacinadas com duas doses da vacina CoronaVac (da Sinovac Biotech) em janeiro e fevereiro. Avaliou-se a presença do anticorpo IgA (imunoglobulina A) específico para o SARS-CoV-2 em amostras coletadas antes da vacina e semanalmente até a 3ª semana após a segunda dose. Demonstraram-se picos de anticorpos IgA na 1ª e 2ª semanas após a primeira dose e níveis mais elevados na 5ª e 6ª semanas após a primeira dose (1ª e 2ª semanas após a segunda dose). Amostras coletadas 4 meses após a 1ª dose ainda mostraram níveis significativos de anticorpos em 50% das nutrizes.
Esses resultados têm que ser muito celebrados e mostram que a vacina CoronaVac também pode induzir a produção de anticorpos IgA no leite materno de nutrizes vacinadas, com grande potencial de proteção para a criança amamentada contra a Covid-19.
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Relatora:
Valdenise Martins Laurindo Tuma Calil
Departamento Científico de Aleitamento da Sociedade de Pediatria de São Paulo
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