Relatoras:
Dra. Cristiane Fumo dos Santos
Pediatra, Especialista em Medicina do Sono e membro do Depto. Científico de Medicina do Sono na Criança e Adolescente.
Dra. Márcia Pradela Hallinan
Neurologista, Chefe do Setor de Crianças e Adolescentes do Instituto do Sono da UNIFESP e Presidente do Depto. Científico de Medicina do Sono na Criança e Adolescente.
A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) acomete cerca de 3% das crianças. Quando não tratada, pode levar a alterações de comportamento, cardiovasculares e sistêmicas.
Devido a menor fragmentação do sono em crianças em comparação aos adultos, a queixa de sonolência excessiva diurna é menos comum na população pediátrica sendo mais frequente o relato de hiperatividade e de alterações cognitivas, inclusive com prejuízo no rendimento escolar. Existe relato de melhora ou mesmo remissão completa de sintomas de hiperatividade em crianças com SAOS após tratamento adequado do distúrbio respiratório do sono.
Alterações cardiovasculares, comum em adultos, também já foram descritas em crianças com SAOS incluindo: aumento da pressão arterial sistêmica (inicialmente durante o sono e posteriormente também na vigília) e alterações autonômicas (aumento do tônus simpático, aumento da resposta simpática e desbalanço simpático/parassimpático). Hipertensão pulmonar e disfunção do ventrículo esquerdo são mais freqüentes em crianças com SAOS que em crianças sem SAOS, geralmente correlacionando-se com graus mais acentuados da doença.
A SAOS também favorece o aumento da resposta inflamatória sistêmica levando ao aumento das citocinas pró-inflamatórias e aumentando o risco de aterogênese. Prejuízo ao crescimento somático também já foi descrito em casos de SAOS acentuada.
As opções de tratamento de SAOS na faixa etária pediátrica incluem uso de corticóide tópico nasal, antileucotrienos, remoção de amídalas e adenóide quando hipertrofiadas, uso de pressão positiva em vias aéreas e controle de peso naquelas crianças que apresentam obesidade.
Texto divulgado em 17/08/2012
