Conjuntivite em crianças

Conjuntivite em crianças

Nesta época do ano, quando as crianças costumam ficar “mais gripadas”, é comum terem conjuntivite associada ao quadro gripal. A criança com conjuntivite acorda com os olhos cheios de secreção, “grudados”, até com dificuldade para abri-los. Os olhos ficam vermelhos e às vezes inchados.

 Quais são os tipos de conjuntivite e como diferenciar?

Geralmente as conjuntivites virais apresentam secreção aquosa que se acumula principalmente quando a criança acorda, de cor branco-amarelada. Vem acompanhando quadro viral de vias aéreas superiores, causado principalmente pelo adenovírus e podendo apresentar gânglio pré-auricular.

Já as conjuntivites bacterianas apresentam secreção amarelada, que após limpar voltam a secretar frequentemente no decorrer do dia e são causadas por estafilococo ou estreptococo.

As conjuntivites alérgicas manifestam-se por coceira intensa, vermelhidão, lacrimejamento e geralmente estão associadas a quadros de rinite alérgica, a ácaros, poeira, pólen e pelos de animais.

O diagnóstico oftalmológico é realizado pelo exame na lâmpada de fenda ou biomicroscopia, em que podemos avaliar se existe reação conjuntival com presença de folículo, fala a favor de ser viral, ou se tem papilas, correspondendo mais a um quadro bacteriano. Além de nódulos no limbo e papilas gigantes na conjuntiva tarsal, características das alérgicas.

 Como devemos proceder nesses casos?

É importante limpar bem os olhos sempre que estiverem com secreção. E essa limpeza pode ser feita com gaze ou algodão embebido de soro fisiológico ou água morna.

Geralmente esse quadro de secreção dura de cinco a sete dias. Mas como depende da resposta imune da criança, o período de duração pode variar bastante. Nessa fase a criança pode transmitir para toda a família e para os amigos. Por isso é prudente ela não frequentar a escola enquanto estiver com os olhos secretando.

A transmissão ocorre de forma direta, pelo abraço e contato próximo com o rosto e mão da criança. De forma indireta, quando a criança passa a mão nos olhos, pega um brinquedo ou outro objeto e outra criança pega o brinquedo e leva as mãos ao olho, ela vai se infectar. Lembrando que o vírus fica vivo por 48 horas nas superfícies secas.

Por essa razão, as mãos da criança devem ser mantidas sempre limpas, evitar coçar ou colocá-las nos olhos e separar as toalhas e fronhas da criança que está com conjuntivite.

 Qual o tratamento para cada tipo de conjuntivite?

Além da limpeza e retirada das secreções externamente, utilizar um colírio lubrificante em flaconetes de uso único, sem conservantes, abrindo bem os olhos, ajuda a eliminar as secreções que ficam no fundo de saco conjuntival.

Caso não ocorra melhora da conjuntivite viral após cinco a sete dias ou se apresentar dor com inchaço palpebral, a criança deverá ser avaliada por oftalmologista. Se houver membrana inflamatória, esta poderá ser removida, associando a aplicação de colírio de corticoide, para melhora do quadro.

As conjuntivites bacterianas são tratadas com colírios antibióticos com ou sem corticoide, a depender do grau de inflamação e com remissão do quadro após 48 a 72 horas.

E as alérgicas, nos casos brandos e pontuais, as compressas geladas aliviam o prurido e podem ser associadas a colírios anti-histamínicos. Nos casos crônicos, o tratamento deve ser avaliado pelo oftalmologista, que irá indicar o uso ou não de colírios de corticoide ou tacrolimo.

 Como prevenir a conjuntivite?

Orientar as crianças quanto a não coçar os olhinhos, pelo risco de contaminação e de deformação da córnea.

Manter as mãos limpas e evitar contato com pessoas em fase de transmissão.

Evitar a automedicação, que pode levar à resistência bacteriana e ceratotoxicidade.

 

Relatora:
Márcia Keiko Tabuse
Presidente do Departamento Científico de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo