Casos de dengue na população infantil

Casos de dengue na população infantil

A Dengue ainda permanece sendo uma importante infecção no Brasil. Até 12 de novembro de 2022 já tinham sido notificados 1.378.505 de casos de Dengue em nosso país e 968 óbitos. Em todo o ano de 2021 foram notificados 544.000 casos e 244 óbitos. No último ano pré-pandemia, o Brasil teve 1.544.987 casos de Dengue, com 840 óbitos, já com 488% de aumento em relação a 2018, trazendo clara demonstração da importância dessa infecção em nosso país.

O vírus da Dengue (DENV) é um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Flavivírus (RNA vírus) da família Flaviviridae, composto de quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. O artrópode relacionado com a transmissão no Brasil é o Aedes aegypti, também vetor da febre amarela urbana. O Aedes albopictus não tem comprovada sua relação com a transmissão no Brasil, mas sim na Ásia.

A introdução no Brasil ocorreu no século XVIII, provavelmente pelos navios com escravos uma vez que os ovos do Aedes têm uma capacidade de resistência de até um ano, mesmo sem contato com a água. O Aedes também possui um comportamento estritamente urbano e as epidemias de Dengue são relacionadas com a concentração e densidade populacional do inseto.

Após a contaminação do ser humano, há um período de incubação médio de 5 a 6 dias (3 a 15 dias).

Especificamente nas crianças, o diagnóstico sempre foi difícil, devido ao pouco comprometimento do estado geral e à semelhança com outras infecções virais: mesmo com a circulação do DENV-2 na década de 1990 e o DENV-3 em 2002, não houve diferenças na apresentação da Dengue nos pacientes pediátricos. Entretanto, a partir de 2006, com o predomínio do tipo 2 sobre o tipo 3, ocorreu aumento do número de menores de 15 anos com doença grave, levando à atualização do manejo da Dengue no paciente pediátrico. As crianças, em sua maioria, apresentam-se assintomáticas ou com uma síndrome febril clássica viral, com sinais e sintomas inespecíficos: adinamia, sonolência, recusa alimentar, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas. Em menores de dois anos de idade, particularmente nos menores de seis meses, sintomas como cefaleia, dor retro-orbitária, mialgias e artralgias podem manifestar-se por choro persistente, adinamia e irritabilidade, sem manifestações respiratórias na maioria dos casos.

Na criança, o início da doença pode não ser notado e o quadro grave pode ser identificado como a primeira manifestação clínica, com agravamento súbito, diferente do que ocorre no adulto, que é gradual, e cujos sinais de alarme de gravidade são mais facilmente detectados.

A prevenção continua sendo fundamental, utilizando–se repelentes aprovados para o uso pediátrico, a fim de se evitar a picada do mosquito e atenção para os sintomas.

 

Relatores:
Eitan N. Berezin
Marcelo Otsuka
Departamento Científico de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo