Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 29/10/2021
Um grande problema de saúde pública que deve ser enfrentado!
O que é sífilis congênita?
A sífilis congênita é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum. O bebê se infecta pela bactéria ainda na vida intrauterina, quando a mãe com sífilis não é diagnosticada ou não é tratada adequadamente.
Como ocorre a transmissão da sífilis congênita?
A transmissão ocorre pela passagem do Treponema pallidum da mãe para o feto, através da placenta. A taxa de transmissão, no caso da gestante não tratada, pode variar de 10-70%, dependendo da fase da doença que a gestante está. Quanto menor o tempo que ela adquiriu a bactéria, maior será a taxa de transmissão.
Como prevenir a sífilis congênita?
A prevenção pode ser feita com o tratamento adequado da gestante. O difícil é saber se a mãe tem ou não sífilis. Muitas gestantes não sabem que estão com a doença, pois, na maioria das vezes, não apresentam nenhum sinal ou sintoma. Portanto, todas as gestantes devem coletar exame de sangue para sífilis, durante o pré-natal no 1º trimestre e, se possível, no 2º e 3º trimestres de gestação.
Se confirmar a sífilis na gestante, seu tratamento e do parceiro devem ser iniciados o mais rápido possível, com injeção de penicilina. O antibiótico deve ser aplicado no serviço de saúde onde ela faz o pré-natal. Depois, a gestante deverá repetir mensalmente o exame, para avaliar se está curada.
Quando a mãe é tratada adequadamente durante a gestação, especialmente quando iniciou a medicação antes do último mês de gravidez, está prevenindo ou diminuindo o risco do seu filho nascer com sífilis congênita.
Quais os sinais e sintomas do bebê com sífilis congênita?
Os sinais mais frequentes ao nascimento são:
- Prematuridade
- Baixo peso
- Manchas brancas e vermelhas com descamação da pele
- Descamação das palmas das mãos e plantas dos pés
- Aumento do fígado e do baço
- Icterícia
- Inchaço
- Rinite mucosanguinolenta
- Anemia
- Petéquias (diminuição de plaquetas)
- Problemas respiratórios, podendo haver pneumonia
Geralmente, essas alterações desaparecem após o tratamento adequado. No entanto, alguns bebês podem apresentar quadros mais graves, com risco de morrer.
É importante salientar que mais de 50% dos bebês irão nascer assintomáticos, evoluindo silenciosamente, com o aparecimento de lesões tardias, muitas vezes irreversíveis mesmo com o tratamento adequado. Estas alterações podem aparecer por volta dos dois anos de idade, afetando o sistema nervoso e se manifestando com retardo mental, convulsões, alterações ósseas, dos dentes superiores, da visão e da audição.
Como saber se o bebê tem sífilis congênita?
Quando o bebê nasce com os sinais descritos acima, deve-se suspeitar de sífilis congênita. Para confirmar o diagnóstico, será necessário coletar exames laboratoriais tanto da mãe, quanto do recém-nascido. O problema é que muitos bebês podem nascer sem sintomas. Nesses casos, o diagnóstico só poderá ser feito através da coleta de exame de sangue do binômio mãe-bebê. Para tentar detectar todos os recém-nascidos com sífilis congênita, na maternidade deve ser coletado exame de sangue para sífilis da mãe e do bebê, cujo resultado deve sair antes da alta hospitalar.
Como tratar o bebê com sífilis congênita?
O tratamento do bebê varia de acordo com o risco de infecção e do comprometimento do sistema nervoso. Será feito com penicilina aplicada na veia ou no músculo, geralmente por 10 dias. O bebê será acompanhado, após a alta hospitalar, com retornos mensais com o pediatra. Serão realizados exames de sangue seriados e avalição do sistema nervoso, da visão e da audição, até os dois anos de idade, para confirmar o tratamento e garantir que não evolua com lesões permanentes.
Para enfrentarmos esse grande desafio, que é a eliminação da sífilis congênita, são necessários a conscientização e o envolvimento dos profissionais da saúde, das gestantes e seus familiares. A gestante deve realizar todos os exames solicitados desde o 1º trimestre e, caso tenha sífilis, fazer o tratamento correto. Essa medida poderá prevenir a doença no seu filho.
Venha fazer parte dessa campanha – Outubro verde!
Relatora:
Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck
Coordenadora da Campanha Outubro Verde: combate à sífilis congênita – Sociedade de Pediatria de São Paulo
Foto: andrew lozovyi | depositphotos.com