Câncer ocular mais comum na infância atinge crianças de até 5 anos
Retinoblastoma pode até levar à morte, mas tem chances de cura em até 100% dos casos se diagnosticado a tempo
Responsável por atingir cerca de 400 crianças por ano no Brasil, o retinoblastoma é o tumor ocular mais comum na infância, de acordo com o Ministério da Saúde. Esse tipo de câncer pode causar cegueira e até levar à morte. Se diagnosticado precocemente, pode ter cura em até 100% dos casos. Segundo a TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, a doença atinge, em sua maioria, crianças de 0 a 5 anos, sendo que 90% dos casos ocorrem em crianças com até 4 anos de idade.
O retinoblastoma é um tumor maligno que se desenvolve na retina e pode ser hereditário ou não. A doença ainda pode ser congênita ou manifestar-se nos primeiros anos de vida das crianças e afetar os dois olhos ou apenas um deles. Se forem bilaterais, os casos são sempre hereditários. Atualmente, cerca de 50% dos casos diagnosticados no país são identificados tardiamente, o que reduz as chances de tratamento e cura do tumor.
Desde a inauguração do Centro de Atenção Integral à Criança com Retinoblastoma, no Hospital Santa Marcelina em parceria com a TUCCA, os casos diagnosticados tiveram um aumento significativo. Em 2011, foram 7 casos. Em 2012, o número pulou para 30. Nos anos seguintes, foram 24, 26 e 37 casos em 2013, 2014 e 2015, respectivamente. Neste ano, até maio, 15 novos casos haviam sido diagnosticados.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a doença acomete cerca de um em cada 20 mil nascidos vivos no Brasil. Em 2014, foram 27 óbitos por retinoblastoma no país e, em 2013, foram 32.
Para reforçar a importância do diagnóstico precoce e o conhecimento da população sobre a doença, foi instituído, por iniciativa da TUCCA, o 18 de setembro como o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. Por mais um ano consecutivo, pontos turísticos de diversas cidades do país farão uma ação em conjunto de apagar suas luzes, em alusão à cegueira que pode acometer as crianças caso a doença não seja diagnosticada precocemente.
Sintomas, diagnóstico e tratamento
O principal sintoma é a leucocoria, presente em 90% dos casos diagnosticados. A leucocoria é caracterizada por um reflexo branco na pupila, conhecido como reflexo do olho de gato. Essa mancha esbranquiçada indica que uma fonte luminosa está incidindo sobre a superfície do tumor e impede a passagem de luz. Sem a passagem de luz, as vias óticas para o centro da visão no cérebro não se desenvolvem e atrofiam.
Esse reflexo branco, muitas vezes, só é notado sob luz artificial, quando a pupila está dilatada, ou em fotos, quando o flash bate sobre os olhos. Nos olhos saudáveis, esse reflexo é sempre vermelho. Outros sintomas que podem aparecer são estrabismo, vermelhidão, deformação do globo ocular, baixa visão e dor ocular.
Apesar de o principal sintoma ser a leucocoria, o seu aparecimento significa que a doença já está em estágio avançado e as chances de salvar o olho da criança serão menores. Antes disso, a criança já pode apresentar como sintoma sensibilidade à luz (fotofobia) ou um desvio ocular, por exemplo, estrabismo. Por isso, é extremamente importante que, ao perceberem qualquer anormalidade nos olhos do filho, os pais procurem um médico o quanto antes. O diagnóstico precoce possibilita o tratamento adequado e aumenta as possibilidades de preservar a visão e a vida da criança acometida pela doença.
O teste do olhinho deve ser realizado logo após o nascimento do bebê e periodicamente até os cinco anos, faixa etária mais atingida pela doença. O teste é simples e pode detectar qualquer alteração no eixo visual, levantando a suspeita da existência de um tumor, que pode ser confirmado pelo exame de fundo de olho. Além do retinoblastoma, o exame pode detectar outras doenças, como catarata e glaucoma congênito, cuja identificação precoce possibilita o tratamento no tempo certo.
Referência internacional no tratamento do retinoblastoma, o Centro de Atenção Integral à Criança com Retinoblastoma está equipado com aparelhos de última geração e oferece opções terapêuticas de ponta, como a quimioterapia intra-arterial, uma técnica minimamente invasiva, que permite a administração de doses muito menores de medicamentos e, consequentemente, menos efeitos colaterais.
O oncologista pediatra e presidente da TUCCA, Dr. Sidnei Epelman, explica que o objetivo dessa técnica é conseguir salvar o olho do paciente. “É um privilégio ter a possibilidade de conseguir não só curar, mas salvar o olho da criança. O tratamento padrão é a enucleação (retirada do olho), mas com a quimioterapia intra-arterial podemos salvar o olho e a visão da criança”, completa.
Dados estatísticos sobre retinoblastoma na TUCCA/Hospital Santa Marcelina:
• 40% dos casos são hereditários
• 90% dos pacientes têm chances de cura quando o problema é detectado cedo
• 50% das ocorrências da doença ainda são diagnosticadas tardiamente
• 10,6% de casos neoplásicos
• 3ª maior incidência do tipo de câncer
• Meninos 107 | Meninas 94
• Média de idade de diagnóstico: 1 ano e 5 meses
• Média entre os primeiros sinais e sintomas até o diagnóstico: 5 anos e 2 meses
• Histórico de câncer na família: 63% Sim | 37% Não
Sobre a TUCCA
A TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que oferece tratamento multidisciplinar de excelência a crianças e adolescentes carentes com câncer, sem custos ao paciente ou à família. Em 18 anos de atividade, já assistiu mais de 2.600 pacientes, atingindo taxas de cura próximas a 80%, índice 60% acima da média brasileira, igualado somente aos da Europa e dos Estados Unidos. Para otimizar recursos, a TUCCA mantém parceria com o Hospital Santa Marcelina e aplica os valores arrecadados direta e exclusivamente no tratamento, pesquisa, diagnóstico precoce e capacitação de profissionais. Também conta com uma equipe multidisciplinar que assiste o paciente e sua família até que fiquem completamente bem.
Sobre o Dr. Sidnei Epelman
O oncologista pediatra Sidnei Epelman é diretor do Departamento de Oncologia Pediátrica do Hospital Santa Marcelina e coordena os grupos cooperativos para tratamento dos tumores cerebrais da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE). É fundador e presidente da TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer e também ocupa a presidência, na América Latina, da Rede Internacional para Tratamento e Pesquisa do Câncer (INCTR, na sigla em inglês) atuando na coordenação de programas em Oncologia Pediátrica e Cuidados Paliativos no mundo e na gestão de pesquisas clínicas em oncologia.
Além de ter vários trabalhos premiados no Brasil e no exterior e participado de dezenas de congressos, encontros e simpósios, é editor do livro Oncologia no Adolescente lançado em 2015.
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