Neste mês de março, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) promove mais uma campanha: Março Lilás – Atenção ao cuidado do bebê prematuro, um tema muito importante, uma vez que no Brasil nascem ao redor de 3 milhões de crianças por ano e, destas, cerca de 11% são prematuras (com idade gestacional abaixo de 37 semanas). Em São Paulo, o número de nascimentos ao ano é ao redor de 600 mil crianças, mantendo a mesma proporção de prematuros.
De acordo com a coordenadora da campanha, Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck, vice-presidente da SPSP e presidente do Departamento de Neonatologia da SPSP, esses prematuros nascem por diversas causas, que devem ser avaliadas e discutidas junto às Sociedades de Pediatria, Obstetrícia e órgãos públicos, com o objetivo de prevenir a prematuridade. “Para isso, temos o dia 17 de novembro como o Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em mais de 50 países, com o intuito de lembrar as causas da prematuridade e discutir estratégias para diminuir essa taxa”, afirma.
Atenção à saúde do prematuro
Conforme explica Lilian, os pediatras e neonatologistas, preocupados com os cuidados e desafios relacionados aos bebês que nascem prematuros, batalharam e conseguiram a promulgação, em 2009, do Projeto de lei nº 146, que instituiu o Dia da Atenção ao Cuidado do Bebê Prematuro, comemorado todo o dia 14 de março, no âmbito do Estado de São Paulo. “Em 2017, a SPSP lançou a campanha Março Lilás, ampliando a atenção à saúde do prematuro para todo o mês de março”, comenta a médica.
“Um dos motivos pelos quais lançamos campanha foi, em primeiro lugar, devido ao aumento no número de casos de prematuros no Brasil e em São Paulo. Além do alto índice no nascimento de prematuros, também observamos um número cada vez mais crescente de prematuros com idade gestacional mais baixa”, revela Claudio Barsanti, presidente da SPSP, enfatizando que a atenção neonatal se desenvolveu muito nas últimas décadas e que, atualmente, o cuidado ao bebê prematuro, mesmo aqueles com menos idade e peso, tem obtido muito mais sucesso.
O médico ressalta que existem cuidados que devem ser dirigidos especificamente ao bebê prematuro, pois existem riscos que são inerentes (ou maiores) nesta população. Ele declara que é fundamental que haja uma atenção muito bem-feita, seja no pós-natal imediato como também após a alta, durante o acompanhamento desse bebê. “Dessa forma, diante do aumento na incidência de prematuros e da importância de se ter um atendimento/seguimento adequado, a SPSP destacou esse tema como uma de suas campanhas”, afirma Barsanti.
Equipe bem treinada
No período da campanha, deve-se intensificar a capacitação das equipes multiprofissionais, constituídas por neonatologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoterapeutas, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, na prestação dos cuidados especializados que o bebê prematuro e sua família necessitam, não só durante a internação, mas também durante o acompanhamento após a alta hospitalar. “É importante não só melhorar as taxas de sobrevida desses pacientes, como também garantir uma qualidade de vida adequada”, relata Lilian.
De acordo com a neonatologista, os cuidados essenciais com o prematuro já começam no momento do nascimento, com uma boa atenção obstétrica e neonatal nesse período de grande vulnerabilidade, que é a transição da vida intra-uterina para a extra-uterina. “Para isso, é necessário uma equipe treinada para fazer a recepção e realizar todas as manobras de reanimação que o bebê prematuro poderá necessitar. Isso já implica que ele deve nascer em um serviço capacitado”, aponta a médica, esclarecendo que após o nascimento, um grande número desses bebês irá necessitar de cuidados intensivos, como suporte ventilatório, monitorização dos sinais vitais e nutrição parenteral.
Lilian destaca, ainda, que durante sua internação, o bebê prematuro poderá apresentar uma série de intercorrências que irão demandar algum cuidado do neonatologista e da equipe multiprofissional, além de outras especialidades médicas. “Quanto mais prematuro maior o risco de morrer e maior o tempo de internação. Vale ressaltar que a mortalidade entre os RN prematuros é muito elevada: dados do DataSUS, de 2016, mostram que 79 (no Brasil) e 70 (em São Paulo) para cada mil RN nascidos prematuros evoluem a óbito no período neonatal (até 28 dias de vida)”, informa a neonatologista.
Para Barsanti, é preocupação constante da SPSP, desde a sua fundação, dar enfoque na discussão e na apresentação de temas de grande importância da Pediatria, o que inclui as campanhas promovidas pela SPSP, entre as quais o Março Lilás – Atenção ao cuidado do bebê prematuro”. “A SPSP já vem promovendo reuniões, encontros e palestras científicas diretamente relacionadas à abordagem do recém-nascido e à área neonatal, e daremos maior ênfase ao tema durante o mês de março, quando ocorre a campanha. Assim teremos não só a possibilidade de realizar um uptodate e discutir ações com os profissionais dessa área, como também estaremos presentes para a sociedade em geral, alertando as pessoas para o risco da prematuridade e como deve ser esse acompanhamento”, conclui o presidente da SPSP.
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Texto produzido pela assessoria de imprensa da SPSP.
Publicado em 01/03/2019.
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