SPSP – Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 01/07/2018
A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) reinicia a Campanha Julho Branco: “Com consciência, sem drogas”. Será um mês voltado ao combate ao uso de drogas por crianças e adolescentes. Ativa desde 2016 e de modo perene, o objetivo central dessa campanha é alertar a população médica e não médica sobre o início precoce do consumo de álcool e drogas. Esse é um tema de grande relevância para a SPSP que vem trabalhando forte no sentido de colocar em evidência essa problemática.
As ações vêm se intensificando desde então. Em novembro de 2016, o presidente da SPSP, Dr. Claudio Barsanti, junto com o coordenador do Grupo de Combate ao Uso de Drogas por Crianças e Adolescentes, Dr. João Becker Lotufo e a Dra. Mônica Lopez Vazquez, do Grupo de Direito do Nascituro, das Crianças e dos Adolescentes da SPSP, participaram de uma reunião com o então governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. O foco da reunião foi a possibilidade de aumento do ICMS para bebidas alcoólicas; a proibição da venda em postos de gasolina e perto de escolas; e aumento da fiscalização e punição para quem vende ou oferece para menores de 18 anos. A luta e as sugestões de leis continuaram ativas e, nestes dois últimos anos, o Dr. Lotufo conduziu novas discussões, sempre com o apoio da SPSP.
A SPSP tem promovido também muitos encontros para debater a questão do consumo de álcool entre crianças e adolescentes, como o tradicional “Café com o Professor”, onde um especialista faz uma palestra sobre o assunto, trazendo dados relevantes de estudos na área e orientando sobre medidas necessárias a serem adotadas para prevenção do problema. Desenvolvemos também muitos materiais sobre a temática, tais como a edição especial do Pediatra Atualize-se, além do livro “Efeitos do Álcool na Gestantes, no Feto e no Recém-nascido”, coordenado pela Dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre e pelo Grupo de Trabalho “Efeitos do Álcool na Gestantes, no Feto e no Recém-nascido” da SPSP.
Dados preocupantes: a experimentação cada vez mais cedo
Os dados realmente preocupam. Segundo o coordenador do Grupo de Combate às Drogas por Crianças e Adolescentes da SPSP, Dr. João Paulo Becker Lotufo, um trabalho desenvolvido no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) constatou que 25% dos jovens até 17 anos já experimentaram o tabaco, 20% a maconha, 6% o crack e 60% o álcool. “A faixa etária de experimentação vem diminuindo a cada ano. Muitas drogas têm aceitação de muitos pais que desconhecem o poder viciante das drogas e o malefício real que podem acarretar”, comenta Dr. Lotufo.
O especialista alerta ainda que os pais devem estar perto dos filhos e discutir este assunto em cada oportunidade. “As escolas e as igrejas também são muito importantes no processo de conscientização. Alguns trabalhos mostram que tendo discussão do assunto das drogas nas famílias, ocorre uma diminuição em torno de 60% a experimentação do álcool, tabaco, maconha e crack”.
As iniciativas não param! Recentemente Dr. Lotufo apresentou novas ideias e as agregou às sugestões já havidas, para a criação de leis que diminuam o acesso dos jovens à bebida alcoólica, inclusive a cerveja. Tal ação conta com o apoio da SPSP e vários outras entidades de grande expressão na área médica. Dentre os pontos considerados pelo Dr. Lotufo:
- Retirada da propaganda de cerveja da mídia, inclusive as chamadas de “baixos teores” ou de “zero teor” de álcool das 6 às 21 hs;
- Adendo: restrição a publicidade indireta de cerveja e outras bebidas alcoólicas por atores nos programas de televisão;
- Afastar pontos de venda na entrada/saída e no entorno de escolas, em um raio de 200 metros;
- Proibição da venda de bebida alcoólica na rua, em peruas ou carros abertos;
- Corresponsabilidade de quem vender bebidas alcoólicas para quem já estiver embriagado (multa para o estabelecimento);
- Proibição de propaganda de bebidas alcoólicas (inclusive cerveja) em competições esportivas e atividades culturais endereçadas ao público jovem e adolescente;
- Adendo: Proibir a venda de bebidas em parques públicos, museus, estádios onde não haja limite de idade para ingresso de jovens e adolescentes;
- Rotular com advertências de risco à saúde, todas as embalagens de bebidas, a exemplo do cigarro;
- Substituir o termo “beba com moderação”, por “beber traz riscos à saúde”;
- Criar um Dia Nacional de Consciência dos Riscos do Álcool, de modo que os entes federativos realizem ampla campanha sobre os riscos de beber, especialmente voltada para o público jovem e grávidas;
- Aumentar os impostos incidente sobre as bebidas alcoólicas em um fundo especial e vinculante, destinado a cobertura dos custos da saúde pública e das vítimas de acidentes de trânsito, no trabalho e de violência doméstica;
- Proibir que os estabelecimentos coloquem as bebidas próximas a sorvetes, doces, balas e guloseimas em geral.
A SPSP continua acompanhando os desdobramentos destas iniciativas e preparou outras ações para a Campanha Julho Branco: Com consciência, sem drogas. “Discutir de modo contínuo, com a avaliação de dados e trabalhos, alertando para o problema, com a apresentação dos números e estatísticas que, infelizmente, se apresentam cada vez mais alarmantes, é fundamental para que se busquem soluções para tão grave problema. Além de oferecer sugestões e caminhos, é uma obrigação da SPSP, dos pediatras e de todos os cidadãos de diferentes segmentos da sociedade estarem atentos e ativos na proposição de medidas eficazes. Nossa Campanha busca caminhos e parceiros para que, juntos, tenhamos sucesso efetivo na diminuição do uso de drogas na infância e adolescência”, disse Dr. Claudio Barsanti, presidente da SPSP.