Campanha Fevereiro Safira – Primeiros mil dias: pelo futuro das crianças

A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) inicia mais uma campanha: Fevereiro Safira – Primeiros mil dias: pelo futuro das crianças. Mil dias é o tema central que corresponde às 40 semanas de gestação (270 dias) somadas aos dois primeiros anos de vida (730 dias), um período fundamental para que a criança possa atingir o seu potencial máximo de crescimento e desenvolvimento na vida adulta.

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O termo é decorrente de uma série de estudos publicados na revista de Medicina inglesa Lancet, entre 2008 e 2013, que analisou os primeiros mil dias do ciclo de vida, demonstrando que o cuidado já se inicia com a mãe durante a gravidez até o segundo aniversário da criança.

“A escolha desse período da vida se deve ao crescimento acelerado, tanto físico quanto do sistema nervoso – cerca de 80% do cérebro se desenvolve nessa fase – e a importância dos nutrientes e estímulo adequados que favoreçam a saúde e o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança para a fase adulta”, explica Rubens Feferbaum, presidente do Departamento Científico de Nutrição da SPSP e coordenador da campanha “Fevereiro Safira”.

De acordo com Claudio Barsanti, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, dentro desse período é possível impactar na redução da mortalidade e danos ao crescimento e neuro-desenvolvimento futuro da criança. “Pode-se também evitar as denominadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) durante a fase de vida adulta, como a síndrome metabólica, caracterizada por diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial e, ainda, alguns tipos de cânceres”, esclarece. Ele diz que nessa fase, mecanismos epigenéticos – que podem alterar a estrutura do DNA – determinam o aparecimento dessas doenças. Assim, evitar a subnutrição e a obesidade nesse período da vida é crucial na prevenção das DCNT.

Nessa abordagem, conforme salienta Feferbaum, contemplam-se diversos aspectos: além da nutrição, estímulos familiares e ambientais, visando o desenvolvimento mental e a prevenção de distúrbios emocionais dos pequenos, e ainda cuidados com a saúde e vacinação da gestante e da criança. “Enquanto gestante, a preocupação materna deve ser com o controle de saúde no pré-natal e a nutrição. Esta última, deve ser orientada com atenção, pois o déficit em nutrientes pode ocasionar bebês com baixo peso ao nascer e prematuridade; porém, se em excesso, recém-nascidos com peso aumentado”. Além disso, recomendações sobre o estilo de vida da gestante, evitando o fumo e, sobretudo, o álcool, como preconizado pela campanha de prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), promovida pela SPSP, são de primordial importância na promoção da saúde materno-infantil.

Impactos na saúde e desenvolvimento mental futuros

Uma situação que merece atenção, de acordo com Feferbaum, é a ocorrência de recém-nascidos com restrição de crescimento intraútero. “Segundo dados da pesquisa da revista Lancet, anualmente 15 milhões de nascimentos em todo o mundo apresentam essa característica. Eles apresentam na fase adulta maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), além do risco de sobrepeso se não houver uma alimentação adequada”, comenta o médico.

Por outro lado, recém-nascidos que nascem com maior peso (grandes para a idade gestacional), especialmente se apresentarem obesidade a partir dos dois anos, podem manter ou agravar esta condição na vida adulta e desenvolver as DCNT. “Após o nascimento, é importante fazer visitas regulares ao pediatra para acompanhar o crescimento e desenvolvimento da criança e estimular a amamentação exclusiva até o sexto mês, continuando até o segundo ano de vida, associada à alimentação complementar, uma vez que o leite materno é o alimento ideal para o lactente, protegendo-o tanto da subnutrição quanto da obesidade, verdadeira epidemia em todo o mundo”, alerta Feferbaum.

Segundo o pediatra, a SPSP conta com uma série de núcleos de trabalho que estudam temas específicos da criança e do adolescente. A perspectiva é divulgar o Grupo Interdisciplinar dos Mil Dias à comunidade pediátrica e colaborar com os gestores de saúde pública e sociedade civil na implementação de ações que possam contribuir na formação do capital humano e qualidade de vida futura da criança. “Os Departamentos Científicos e Grupos de Trabalho da SPSP estão comprometidos com essa realização, pois o assunto é de grande interesse da população e dos pediatras da nossa Sociedade”, destaca.

Para Claudio Barsanti, as intervenções básicas propostas no período dos primeiros mil dias consistem, portanto, em assegurar à mulher controle de saúde no pré-natal e nutrição adequada durante a gestação e lactação. “Além disso, o leite materno é fundamental para garantir a boa nutrição da criança, uma vez que se trata do alimento que melhor atende às necessidades nutricionais dos lactentes”, conclui o presidente da SPSP.

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Texto produzido pela assessoria de imprensa da SPSP.

Publicado em 1/01/2019.

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