Durante todo o mês de dezembro, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) promove a campanha “Dezembro Vermelho: prevenção de acidentes na infância e adolescência”, um tema considerado de grande importância para os médicos pediatras, uma vez que os acidentes estão entre as principais causas de morbidade e de mortalidade nessa faixa etária.
Segundo Tania Maria Russo Zamataro, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da SPSP e coordenadora do “Dezembro Vermelho”, a campanha tem o objetivo de alertar a população sobre os principais acidentes que crianças e adolescentes sofrem, bem como os ambientes em que ocorrem e como preveni-los. “Uma observação à parte: o termo ‘acidentes’ está dando lugar ao termo ‘injúrias não intencionais’, uma vez que o primeiro dá a falsa noção de que o evento ocorreu de forma aleatória. Essas lesões são previsíveis e preveníveis”, afirma a pediatra.
Para Tania, a SPSP, por meio da campanha, reforça esse conceito, chamando a atenção da população para a importância da prevenção, que é a forma mais eficaz de diminuir as mortes e/ou sequelas de crianças e adolescentes vítimas de “acidentes” no Brasil. Claudio Barsanti, presidente da SPSP, reitera a fala da colega, ressaltando que os acidentes são, em grande parte, passíveis de prevenção e, portanto, colocar esse assunto em discussão é fundamental não só entre os pediatras, mas entre toda a sociedade, pois determinadas orientações podem e devem ser transmitidas pelos médicos e outros profissionais da saúde durante o atendimento de crianças e adolescentes.
Cenário atual
A Organização Mundial da Sáude (OMS) estima que, em 2011, mais de 630 mil crianças com menos de 15 anos morreram por acidentes no mundo e milhares de crianças sobreviveram com diferentes graus de sequelas. No Brasil, os acidentes são a principal causa de morte de crianças e adolescentes de um a 14 anos. Acidentes de trânsito (primeira causa de óbito), afogamentos, quedas, sufocação, queimaduras, envenenamentos, acidentes por armas de fogo são as principais causas, apresentando pequenas diferenças em relação às faixas etárias.
Conforme salienta Tania, o número de mortes por acidentes tem apresentado queda nos últimos anos em quase todas as faixas etárias (exceção em menores de um ano) e em quase todas as modalidades (exceção em intoxicações e sufocação). Para ela, o mundo vive uma era de maior preocupação com prevenção e várias organizações vêm contribuindo com campanhas. “A OMS, UNICEF e vários especialistas de todo o mundo desenvolveram um breve documento intitulado ‘Prevenção de lesões em crianças e adolescentes: um apelo global à ação’, que chama a atenção para a magnitude do problema e como essas lesões podem ser prevenidas”, comenta a médica.
Papel do pediatra
Barsanti esclarece que muitas vezes os perigos estão muito próximos das crianças, mas não são percebidos pelos pais ou responsáveis. “São vários exemplos, mas um dos mais comuns e perigosos é deixar medicamentos ou produtos químicos em locais em que a criança tenha acesso”, destaca o presidente da SPSP, relatando que muitas vezes algumas medidas simples podem evitar vários acidentes. “Além de não deixar esses itens expostos às crianças, também é importante jamais armazená-los em garrafas de refrigerantes ou sucos, porque isso pode confundir a criança, que pode acabar ingerindo o produto”, alerta.
Essa conduta, de acordo com o médico, pode fazer a diferença no intuito de evitar a ocorrência de inúmeros acidentes, os quais, infelizmente, podem ter consequências irreversíveis. “Nesse sentido, o papel do pediatra é muito importante para fornecer orientações que, com toda certeza, serão muito efetivas para diminuir esses índices de morbidade e mortalidade entre crianças e adolescentes”, enfatiza.
Para Tania, por conhecer as fases de desenvolvimento de crianças e adolescentes e as particularidades de ambiente, costumes, cultura e situação econômica da população que atende, o pediatra torna-se vital numa campanha de educação sobre segurança. “Dedicar parte do atendimento para conscientizar pais e responsáveis sobre os riscos inerentes a cada faixa etária e ao ambiente, e orientá-los quanto às medidas de segurança, desenha-se como uma forma eficaz de redução de acidentes”, conclui a pediatra.