(pergunta encaminhada à SPSP por mãe em 13/07/07 e resposta enviada em 19/07/07)
A Organização Mundial de Saúde recomenda o Aleitamento Materno até 2 anos ou mais. E há várias razões para isso. A revisão BREASTFEEDING AND THE USE OF HUMAN MILK da Academia Americana de Pediatria, relata as vantagens reconhecidas do aleitamento materno, não só para os bebês como também para as mães, para os familiares e para a sociedade. Nesta revisão é enfatizado que o aleitamento materno, como nenhuma outra prática alimentar, beneficia a saúde, o crescimento e o desenvolvimento de crianças de diferentes realidades, resultando em menor incidência ou gravidade de doenças como diarréia, bacteremia, meningite bacteriana, infecções respiratórias, otite média, botulismo, infecção urinária, enterocolite necrosante e outras. São relatados também os possíveis efeitos protetores contra síndrome de morte súbita e doenças futuras, como diabetes mellitus insulino dependente, doença de Crohn, linfoma, retocolite ulcerativa e outras doenças digestivas crônicas, doenças alérgicas (atopia e chiado), hipertensão arterial, hipercolesterolemia, doença cardíaca isquêmica, obesidade e outras.
Outra revisão RECOMENDAÇÕES PARA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR DA CRIANÇA EM ALEITAMENTO MATERNO contém a tabela dos 10 passos para a alimentação saudável da criança menor de 2 anos com dados do Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde. Repare no que diz o 2º passo: A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos de idade ou mais. Assim, o leite materno produzido após o sexto mês de vida, embora ainda forneça uma parcela significativa dos nutrientes utilizados pelo lactente, já não é mais suficiente para suprir todas as suas necessidades, devendo ser complementado por outros tipos de alimentos. As propriedades de defesa contra infecções permanecem no segundo ano de vida, embora em grau menor do que em crianças mais novas. Não é preciso utilizar horários rígidos para alimentar o bebê, desde que se mantenha uma proporção adequada entre leite materno e alimentos complementares.
No artigo DESMAME: FATOS E MITOS pode-se verificar que o desmame não é um evento e sim um processo, considerado como parte importante da evolução da mulher como mãe e do desenvolvimento da criança (da mesma forma que sentar, andar, correr, falar). Nesta lógica, assim como nenhuma criança começa a andar antes de estar pronta, nenhuma criança deveria ser desmamada antes de atingir a maturidade para tal. Como já disse um grande pediatra, Dr. William Sears: Não limite a duração da amamentação a um período pré-determinado. Siga os sinais do bebê. A vida é uma série de desmames, do útero, do seio, de casa para a escola, da escola para o trabalho. Quando uma criança é forçada a entrar em um estágio antes de estar pronta, corre o risco de ter afetado o seu desenvolvimento emocional. O artigo DESMAME: FATOS E MITOS propõe algumas sugestões de como viver este momento tão importante, fazendo com que a nutriz reflita sobre a importância de continuar a amamentação no segundo ano, sobre a hora certa do desmame e sobre a maneira de fazê-lo naturalmente.
Relatora: Dra. Valdenise M. L. Tuma Calil
- Presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo – gestão 2007-2009
- Professora colaboradora médica da Disciplina de Neonatologia do Departamento de Pediatria da FMUSP
Texto original divulgado em 27/07/2007.