Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 14/12/2017
Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em Maruípe (ES), publicaram estudo na Revista Paulista de Pediatria de dezembro de 2017, que avaliou a percepção de mães de recém nascidos prematuros em relação aos primeiros seis meses de vida dos bebês, analisando temas como aleitamento materno e introdução de chupeta e mamadeira.Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em Maruípe (ES), publicaram estudo na Revista Paulista de Pediatria de dezembro de 2017, que avaliou a percepção de mães de recém nascidos prematuros em relação aos primeiros seis meses de vida dos bebês, analisando temas como aleitamento materno e introdução de chupeta e mamadeira.
Os autores destacam que o recém nascido prematuro que necessita de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal e alimentação por meio de sonda gástrica pode apresentar, como consequência, atraso da maturidade da função de sucção e sua atividade coordenada com a respiração e deglutição, dependendo da idade gestacional e peso ao nascimento. Para a alta hospitalar, é necessário que o recém-nascido, além de obter condições sistêmicas, recupere também a atividade de sucção para que a alimentação oral seja segura. A estimulação da sucção não nutritiva tem sido preconizada para antecipar o início da alimentação por sucção, visando reduzir o tempo de permanência no hospital, e o estabelecimento do aleitamento materno se associa à menor necessidade da sucção não nutritiva complementar. A oferta de chupeta para estimular a sucção não nutritiva representa um fenômeno cultural, mas é motivo de controvérsia entre profissionais de saúde. Dessa forma, o estudo da UFES teve como objetivo avaliar os conhecimentos e expectativas de mães de prematuros internados em UTI neonatal sobre aleitamento materno e uso de chupeta, além de analisar a vivência dessas mães ao lidar com a necessidade de sucção nos primeiros meses de vida dos bebês.
Foram entrevistadas inicialmente 62 mães — e 52 após seis meses — de recém nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas internados em uma UTI neonatal pública e uma particular na cidade de Vitória (ES), entre fevereiro e junho de 2011.
“Os resultados apresentados demonstraram que as mães tinham conhecimento prévio sobre os benefícios da amamentação, porém a maioria teve dificuldades para manter o aleitamento materno exclusivo após a alta da UTI neonatal e introduziram a mamadeira”, afirma a professora Dra. Elaine Cristina Vargas Dadalto, uma das autoras da pesquisa. Da mesma forma, o estudo mostrou que as mães tinham conhecimento sobre as desvantagens da chupeta, mas mudaram sua concepção diante da interpretação de que esta poderia acalmar o bebê. “Em contrapartida, a opinião preliminar de que a chupeta poderia trazer vantagens para a mãe e o bebê não influenciou no uso nos primeiros seis meses, uma vez que alguns bebês rejeitaram a chupeta, apesar de ter sido ofertada pela mãe”, completa a professora.
Segundo Dra. Elaine, é relevante destacar neste estudo que a necessidade do bebê para a sucção não nutritiva durante o processo do aleitamento materno nem sempre foi compreendida pelas mães. “A expressão ‘o bebê faz meu peito de chupeta’ foi muito citada”, comenta. No grupo de bebês que não usava chupeta, o sentido da frase foi positivo referindo ao fato de que o bebê continuava no peito e, portanto, não necessitava de chupeta. No grupo que usava chupeta, a interpretação foi de que o bebê deveria somente extrair o leite, de forma que a mãe fez com que o bebê não agisse mais assim, o que ocorreu após a introdução da chupeta. “Nesse ponto, o estudo contribui para que o conhecimento científico sobre a necessidade do bebê de realizar a sucção não nutritiva durante o aleitamento materno seja popularizado. As mães devem ser instruídas sobre este padrão que apresenta menor força de sucção, especialmente nos prematuros, mas que é importante para a satisfação do bebê, que não necessitará recorrer à sucção adicional de chupeta”, destaca a professora.
O estudo evidenciou a dificuldade das mães para estabelecer o aleitamento materno exclusivo após a alta da UTI neonatal, o que poderia ser prevenido com a instituição de políticas públicas para proporcionar acompanhamento domiciliar de bebês prematuros após a alta hospitalar, uma vez que a maioria das mães não reside próximo ao hospital, o que restringe o acesso ao auxílio profissional. “Nas visitas domiciliares, além da detecção de problemas relacionados ao aleitamento, a motivação das mães deve ocorrer a partir da sugestão de alternativas para lidar com o choro e a necessidade de sucção do bebê, promovendo uma boa interação mãe bebê para o sucesso da amamentação”, finaliza a professora Dra. Elaine Cristina Vargas Dadalto.
Contato: Elaine Cristina Vargas DadaltoUniversidade Federal do Espírito Santo (UFES), Maruípe (ES)E-mail: [email protected]