Veja Saúde on-line publicou matéria sobre um artigo publicado na revista científica americana Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine que revela que as mães que pensam que bebê gordinho é sinal de bebê saudável estão enganadas. Os pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, acompanharam 281 mulheres, com filhos entre 12 e 32 meses que, já no início do estudo tiveram dificuldade para definir quanto os seus bebês pesavam. As mães das crianças obesas foram as que mais erraram, sendo que 81,7% delas estavam satisfeitas com a fofura dos filhos, pensando erroneamente que o acúmulo de tecido adiposo fosse um atestado de como estavam cuidando bem de seus bebês. Segundo a matéria, na conclusão do trabalho os pesquisadores afirmam que os hábitos alimentares são influenciados pela percepção materna do tamanho das crianças. Impressões equivocadas podem levar a comportamentos inapropriados em relação à alimentação.
FONTE: Veja Saúde, 19 de maio de 2012
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/fofura-perigosa#
Comentário:
Dra. Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira
Presidente do Departamento Científico de Nutrição da SPSP
A adiposidade (gordura) do indivíduo está relacionada com doenças cardiovasculares. Assim, o lactente apresentar peso corporal acima do adequado para a sua estatura, corresponde a risco de obesidade. A obesidade nos primeiros anos de vida é considerada muita vezes pelos familiares e profissionais da saúde como índice de saúde, que não se dão conta que o acúmulo de gordura por si só é um risco para doença cardiovascular.
O aumento de peso na fase do lactente deve ser predominantemente de massa muscular, compatível com o desenvolvimento neuropsicomotor. O aleitamento materno é a melhor alimentação nos 2 primeiros anos de vida, e a qualidade da alimentação modifica a composição corporal para melhor ou pior.
Portanto, não se enganem, o lactente tem que ter peso adequado para sua altura. Não podemos permitir que ganhe peso fora da sua proporcionalidade com a sua altura, que pode ser monitorado com os índices antropométricos IMC(kg/m2) ou curvas de peso para estatura (OMS, 2006). Deve-se orientar às mães quanto à necessidade de sua alimentação saudável durante o aleitamento materno (pouca gordura saturada e pouco açúcar) além de monitorar a introdução da alimentação complementar.
Abaixo estão os dez passos para a alimentação saudável de crianças menores de 2 anos, estabelecido pelo Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde (MS/OPAS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/10_passos.pdf):
Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos.
Passo 2 – A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos de idade ou mais.
Passo 3 – Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.
Passo 4 – A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança.
Passo 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.
Passo 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida.
Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados.
Passo 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.
Texto divulgado em 19/09/2012