Aumento de casos de hipertensão entre crianças e jovens

A Folha.com publicou nota com alerta de especialistas para o aumento dos casos de hipertensão arterial em pacientes cada vez mais jovens, principalmente crianças e adolescentes. De acordo com a nota, aproximadamente 3% das crianças sofrem com problemas de hipertensão, enquanto que a taxa entre os adolescentes pode chegar a 15%. A matéria afirma que a falta de acompanhamento médico pode ser um dos principais problemas para o diagnóstico precoce da doença, uma vez que era raro pessoas nessa faixa etária apresentarem esse distúrbio.

FONTE: Folha.com, 15 de maio de 2012
http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/1090527-especialistas-alertam-para-aumento-de-casos-de-hipertensao-entre-jovens.shtml

 

Comentários:
Rosa Resegue Ferreira da Silva
Presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da SPSP

Nos últimos anos, o diagnóstico de hipertensão arterial em crianças tem sido, de fato, motivo de preocupação, em decorrência do aumento de sua prevalência e também pela constatação da associação entre esse diagnóstico e o desenvolvimento precoce de doença cardiovascular.  

Daí a importância de se medir a pressão arterial nas consultas pediátricas. As medidas obtidas devem ser analisadas por meio de tabelas, sendo a hipertensão definida quando as medidas de pressão sistólica e/ou diastólica forem maiores do que o percentil 95, em três medidas consecutivas, de acordo com a idade, sexo e percentil de altura da criança. Cabe lembrar a importância da adequação da medida que, entre outros cuidados, deve ser realizada com aparelho e manguito apropriado.

Recomenda-se a aferição em toda criança a partir dos três anos de idade, nas consultas de rotina, independentemente da presença de fatores de risco para o diagnóstico de hipertensão arterial. Nas crianças de menor idade, a medida deve ser realizada nas de maior risco, como nos casos de história de internação em unidades de tratamento intensivo no período neonatal, cardiopatias congênitas, infecções urinárias de repetição, presença de sangue e/ou proteínas na urina, doenças renais, neoplasias, história de transplantes ou uso de medicações que aumentam os níveis de pressão.

Merece destaque o aumento da prevalência de hipertensão em crianças que tem ocorrido de forma paralela à crescente epidemia de obesidade. Nessa perspectiva, grande parte das crianças com esse diagnóstico apresenta hipertensão primária relacionada diretamente à elevação dos índices de massa corporal.

A medida da pressão arterial deve ser um procedimento rotineiro nas consultas de crianças maiores de três anos, sendo particularmente importante a aferição nas crianças com diagnóstico de sobrepeso e naquelas com história familiar significativa. Além disso, nunca é demais mencionar a importância da prevenção destas situações, através da promoção de atividade física e da alimentação saudável.

Texto divulgado em 19/09/2012