Atraso da puberdade: quando se preocupar?

Atraso da puberdade: quando se preocupar?

A puberdade é uma fase de modificações intensas no organismo de crianças e adolescentes, por isso é necessário acompanhamento dos pais e do pediatra.


A puberdade é, sem dúvida, uma fase de modificações intensas no organismo das crianças. Nela, tanto os meninos quanto as meninas passam a ter um rápido crescimento em altura, chamado de “estirão”. Essa fase pode ser marcada também por mudanças comportamentais, tais como: alteração de humor, ansiedade e um certo aumento de agressividade. As meninas têm o estirão bem no comecinho da puberdade, enquanto os meninos apresentam esse crescimento acelerado mais para o final dessa etapa do desenvolvimento. 

Além disso, as características típicas de cada sexo passam a se desenvolver nessa fase: as meninas começam a puberdade pelo aparecimento de uma discreta elevação da auréola (broto mamário), seguido (mas às vezes precedido) do aparecimento dos pelos pubianos e, por fim, ocorre a menstruação (geralmente, entre um ano e meio a dois anos e meio depois de tudo começar). Já nos meninos, tudo se inicia pelo aumento do volume testicular, que é relativamente difícil de ser percebido pela criança e pelos familiares, seguido do aparecimento dos pelos pubianos e, por fim, aumento do pênis.

americo saenz | pixabay.com

Idade esperada para tudo começar

Existe uma faixa etária esperada para o início da puberdade. A menina começa entre os 8 e os 13 anos, sendo que a grande maioria inicia aos 10 anos. Já no menino esse início ocorre mais tarde: entre os 9 e 14 anos, sendo que a grande maioria começa entre 11 e 12 anos.

Muito se tem falado sobre a puberdade que começa antes da hora, a chamada puberdade precoce. No entanto, o atraso no início da puberdade, bem como a parada na progressão de uma puberdade que já se iniciou, também merecem atenção.

Atraso puberal: quando se preocupar?

A família deve encaminhar a criança para avaliação com o pediatra quando notar que o menino não iniciou a puberdade após os 14 anos e a menina, após os 13 anos. No entanto, também deve encaminhar para avaliação quando julgar que a progressão dessa puberdade não está ocorrendo.

O porquê de tudo demorar

Atraso constitucional da puberdade: a causa mais comum é por “imitar” o padrão da família, que costumamos chamar de atraso constitucional da puberdade. Nesse caso, o início da puberdade é atrasado por um padrão genético normal, herdado de algum parente próximo: pai, mãe, tios.

Sinal de alerta: o atraso da puberdade pode ser um sinal de que algo não vai bem no organismo da criança. Nesse caso, uma avaliação minuciosa do pediatra se faz muito importante: ele conseguirá diferenciar se o atraso é relacionado a um padrão normal familiar ou se há algum fator impeditivo para que a puberdade não deslanche. Fatores tais como: estado nutricional inadequado e doenças de repetição de qualquer natureza, como, por exemplo, a asma podem impedir que haja um desenvolvimento pleno da puberdade, causando demora em seu início ou parada na progressão de uma puberdade que já se iniciou. Após a avaliação meticulosa do pediatra que acompanha a criança, se nada for constatado, torna-se necessária a avaliação do endocrinologista pediátrico a fim de identificar se há qualquer distúrbio nos hormônios relacionados à puberdade, bem como outras causas hormonais que podem, indiretamente, atrapalhar a puberdade, como, por exemplo, o hipotireoidismo.

Importância do acompanhamento pediátrico

Vale a pena salientar que essa é uma etapa muito delicada na vida de uma criança e, de acordo com sua personalidade e ambiente familiar, muitos meninos e meninas não gostam de expor para a família as modificações que estão ocorrendo ou não em seu corpo, tornando mais difícil a percepção em casa sobre a evolução da puberdade. Portanto, é extremamente importante o acompanhamento do pediatra nessa fase da vida. Ele é o profissional capacitado para identificar se tudo está correndo bem. Também ele, de acordo com a idade e desenvolvimento (ou não) puberal de seu filho, poderá orientar o intervalo entre as consultas pediátricas, a fim de que essa fase ocorra da melhor forma possível.

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Relatora:
Dra. Albertina Gomes Rodrigues
Departamento Científico de Endocrinologia da SPSP.

Publicado em 24/10/2019