Infecção do trato urinário é a mais frequente das doenças renais na infância. Além dos problemas respiratórios, trata-se da patologia mais comum nesta faixa etária, muitas vezes relacionada a doenças urológicas. Em recém-nascidos e lactentes jovens atinge mais os meninos. Na fase pré-escolar, dos 4 aos 7 anos, é mais comum em meninas (8% contra 2% no sexo masculino).
A fonte da infecção, geralmente, são bactérias presentes no trato gastrointestinal que, em indivíduos com maior propensão, pode atingir as vias urinárias. De fácil tratamento, somente apresenta complicação se diagnosticada tardiamente.
Segundo a presidente do Departamento Científico de Nefrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Dra. Maria Helena Vaisbich, um dos principais fatores relacionados à doença em pré-escolares é o distúrbio de micção, muitas vezes causado por um desfralde precoce e/ou treinamento esfincteriano inadequado. Nos garotos, uma fimose muito pronunciada pode dificultar a eliminação e acarretar o problema. Apesar disso, estas causas isoladamente não determinam sua instalação por se tratar de uma predisposição individual.
O aumento da ingestão de líquido, que mantém o trato urinário em atividade constante, uma dieta rica em fibras, o incentivo à urina de 3 em 3 horas, e a higienização correta nas meninas – limpar a área de frente para trás –, são atitudes que podem ajudar a evitar o problema. Lembrando que a higienização inadequada em meninas pode resultar em diagnóstico equivocado de infecção urinária: na verdade, ocorre vulvovaginite e, com a coleta de urina sem assepsia apropriada, pode erroneamente diagnosticar infecção urinária.
“Uma das grandes dificuldades é identificar os sinais no recém-nascido, que não reclama e não sabe expressar o que sente. Entretanto, icterícia prolongada, queda do estado geral, vômito, desidratação, mudanças na cor, odor e volume do xixi são aspectos que merecem atenção e avaliação médica imediata”, alerta a nefrologista.
Sintomas como febre, dor/dificuldade para urinar e incontinência urinária – especialmente à noite por crianças que já possuem controle do esfíncter (músculos da bexiga e da uretra que, em relaxamento, liberam a passagem da urina) – requerem acompanhamento médico. Vale ressaltar, entretanto, que existem casos assintomáticos, o que dificulta um diagnóstico precoce e se encaixam, por exemplo, em febre de origem indeterminada. Desta forma, a coleta adequada para o exame de urina simples e para cultura da urina é determinante para a confirmação da doença.
“Com a demora na investigação, a infecção pode cair na circulação sanguínea, especialmente na população mais jovem, e se manifestar sistemicamente, resultando em infecção generalizada ou sepse. Em caso de infecção renal, pode ocorrer uma sequela no rim em forma de cicatriz devido ao processo inflamatório. Essa é a causa mais comum de insuficiência renal crônica na infância”, explica a Dra. Maria Helena.
Exames clínicos, anamnese e testes simples como urina I e urocultura com antibiograma, que confirma o tipo de bactéria e a eficácia dos diferentes antibióticos em seu combate, podem detectar a doença. Avaliação posterior com exames de imagem pode esclarecer se há uma uropatia ou distúrbio funcional do trato urinário.
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Texto produzido pela assessoria de imprensa da SPSP.
Publicado em 17/04/2015.
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