Andador: escolha segura e adequada?

Andador: escolha segura e adequada?

Sociedade de Pediatria de São Paulo
Texto divulgado em 20/12/2021


Em países onde andadores infantis são permitidos, há muito tempo existem controvérsias sobre seus benefícios e riscos, vencendo os riscos por larga margem.

Embora vários países – entre eles o Brasil – desencorajem o uso de andadores infantis, eles ainda são usados ​​com frequência. São equipamentos não essenciais, destinados a crianças muito pequenas, que ainda não conseguem andar, tradicionalmente constituídos por um assento cercado por uma estrutura rígida com rodas, ou um outro modelo de empurrar, também perigoso.

Do ponto de vista dos pais, o andador serve para estimular a mobilidade, ajudar a criança a se exercitar, ficar “mais quietinha”, feliz, entretida por muitas horas, permitindo que os pais tenham tempo para fazer o que precisam (tarefas domésticas, trabalhar, tomar banho, etc) e pode ser usado também para alimentá-la.

Como assim? Ledo engano que estimula a mobilidade natural, nem a movimentação adequada, como a criança vai ficar quieta, se tem as rodinhas para se movimentar e quer explorar tudo ao seu redor? Vai ficar sozinha enquanto os pais se ocupam de outras tarefas? Como vai ficar muitas horas no andador, numa posição viciosa – com as pernas abertas e vertidas para fora e tentando movimentar os pés, muitas vezes virando-os para trás? E na hora de comer, o adulto vai ter que correr atrás da criança pela casa?  

O lugar do bebê é no chão, onde vai aprender a rolar, sentar, engatinhar e andar. E com a supervisão atenta de um adulto, num ambiente que não ofereça riscos.

Ao usar o andador, o bebê pode ter algumas etapas importantes do seu desenvolvimento comprometidas e atrasadas, como engatinhar, equilibrar-se, andar, além de não aprender a cair – em resumo, o uso do andador não desafia a criança o suficiente para dominar seus movimentos.

Além disso, a criança pode tombar, capotar ou rolar escada abaixo, sofrer queimaduras (ao alcançar alturas maiores estando no andador e conseguir agarrar uma panela, puxar a toalha da mesa, etc.), intoxicações (alcançar armários e abrir suas portas fica mais fácil) ou afogar-se ao cair numa banheira ou piscina.

Os ferimentos resultantes de tais acidentes podem ser muito graves, porque na maioria dos casos afetam a cabeça da criança, além de riscos de fraturas de ossos.

A maioria dos acidentes com o andador ocorre enquanto os adultos estão por perto – ​​simplesmente não conseguem responder com rapidez suficiente, uma vez que a criança em um andador consegue se mover mais de 1 metro em 1 segundo.

É obrigação dos pais considerar as consequências futuras dos equipamentos que um bebê usa para garantir que ele se desenvolva adequadamente.

O que podem fazer:

– Perguntar ao pediatra e informar-se a respeito dos equipamentos que tenham certificação e que sejam mais seguros e úteis para seu filho;

– Se ganharem ou herdarem um andador, não devem usá-lo e sugerimos descartá-lo e garantir que não será usado por nenhuma outra criança. Além disso, devem certificar-se de que não haja andadores nos locais onde o bebê está sendo cuidado, como no berçário, escolinha, creche ou na casa de outra pessoa;

– Experimentar outro equipamento, mais seguro, como os Centros ou Mesas de Atividades (são fixos, não têm rodas e geralmente têm assentos que giram).

Saiba mais:

Sociedade Brasileira de Pediatria. Andador: perigoso e desnecessário

Healthy Children. Baby Walkers: a dangerous choice

Relatora:

Renata D Waksman
Coordenadora do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Foto: syda productions | depositphotos.com