TUBERCULOSE NA INFÂNCIA: CONSOLIDAÇÃO PULMONAR NÃO É SINÔNIMO DE PNEUMONIA

INTRODUÇÃO
A Tuberculose (TB) é uma patologia infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, de evolução crônica e que pode apresentar-se na forma pulmonar ou extrapulmonar. Em menores de 19 anos a incidência é de 10,7/100.000 habitantes.
Na infância, predomina a forma pulmonar, devendo ser considerada em casos de pneumonia sem melhora com uso de antimicrobianos.Achados radiológicos sugestivos são adenomegalias hilares ou paratraqueais, pneumonia com qualquer aspecto radiológico, associadas ou não a adenomegalias mediastinais, cavitação ou infiltrado micronodular.
Em lactentes, o isolamento do bacilo é difícil.O diagnóstico baseia-se sistema de pontuação recomendado pelo Ministério da Saúde.

DESCRIÇÃO DO CASO
Lactente de 4 meses, febre há 6 dias com diagnóstico de pneumonia, internado na enfermaria e iniciado cefepime. Evoluiu com desconforto respiratório,sendo encaminhada para UTI pediátrica.
Calendário vacinal em dia.
Ao exame: hipocorada, taquidispneica com TSC, FR:55irpm, SatO2:100, FC:120bpm, MV abolido em 2/3 superiores do hemitórax direito, com leucocitose discreta, anemia microcítica e hipocrômica, PCR 41,4 (referência 6,0), sorologias negativas.
RX de tórax: consolidação em ápice pulmonar direito (imagem mantida)
Devido à ausência de melhora clínica-laboratorial, tentou-se outros esquemas antimicrobianos, sem sucesso.
TC de tórax (TC): condensação do lobo superior do pulmão direito com nódulos bilaterais, aumento dos hilos, traqueia desviada à esquerda, compressão extrínseca sobre brônquio direito.
Prova tuberculínica (PPD) não reator e 3 lavados gástricos negativos .
Diante dos exames, optou-se por iniciar esquema Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida (RIP).

DISCUSSÃO
Apesar da não confirmação laboratorial, sem história epidemiológica de contato com adulto com tuberculose, pontuou 30 pontos e optou-se pelo tratamento.
Evoluiu com melhora clínica e laboratorial, recebendo alta hospitalar após 30 dias de internação, sendo encaminhado para acompanhamento ambulatorial.

CONCLUSÃO
Pretendemos relatar a importância de diagnosticar e tratar corretamente a tuberculose na infância. Diante de casos de pneumonia recorrente, imagem radiológica persistente e ausência de resposta à antibioticoterapia habitual, tuberculose é um diagnóstico diferencial que não pode ser esquecido.