TUBERCULOSE ABDOMINAL NA ADOLESCÊNCIA

A tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública mundial. Estima-se que no mundo 10,6 milhões de pessoas ficaram doentes por tuberculose (TB) em 2021 e o Brasil continua entre os 30 países de alta prevalência para a TB, sendo a forma pulmonar a mais frequente. O diagnóstico da TB extrapulmonar, especialmente a abdominal, é um desafio pois representa 1%- 3% de todos os casos de TB e 12% da forma extrapulmonar em crianças <15 anos. O caso retrata uma paciente, feminino, parda, 13 anos, previamente hígida, que procurou unidade de pronto atendimento por queixa de dor abdominal difusa de moderada intensidade iniciados há 5 dias, aumento do volume abdominal e febre há 1 dia da admissão. Encontrava-se em bom estado geral. No exame físico, observado abdome globoso, distendido, doloroso difusamente e sinal do piparote positivo, circunferência abdominal de 88 cm, sem visceromegalias ou linfonodomegalias, ausência de edema, ausculta respiratória sem alterações e pressão arterial de 100x60mmHg. Foi admitida com hipótese inicial de ascite a esclarecer e Peritonite bacteriana espontânea (PBE). Realizada ultrassonografia de abdome, sendo visto líquido livre em cavidade abdominal, com aspecto encistado. Para diagnosticar é necessário usar uma combinação de investigações clínicas e laboratoriais, sendo o primeiro indício para suspeição é a realização do teste de mantoux. A coleta do líquido ascítico é de importante pois o líquido geralmente mostra características exsudativas com alto teor de proteína > 25 g/L e baixo gradiente de albumina soro:ascite <11 g/L. Esse relato tem como objetivo descrever um caso de TB peritoneal em uma adolescente previamente hígida que evoluiu de forma aguda para ascite volumosa. O presente caso de tuberculose intestinal se justifica ao demonstrar que tal patologia, apesar da especificidade de sinais e sintomas, deve ser cogitada principalmente por se tratar de um país com epidemiologia tão favorável.