Introdução:
Poliarterite Nodosa Cutânea (PANC) é uma vasculite que afeta pequenos e médios vasos principalmente da pele e sistema músculo esquelético. Este relato trata de um adolescente com PANC que apresentou Síndrome de Maus Tratos (SMT) como diagnóstico diferencial.
Descrição do caso:
Y.T.S, masculino, 11 anos, previamente hígido, apresentou queda da escada, evoluindo com artrite em tornozelo direito. Após um mês, apresentou petéquias e lesões arroxeadas em membros inferiores e tronco. O diagnóstico inicial foi de SMT e, posteriormente, púrpura de Henoch-Schönlein e celulite, como não houve melhora após tratamento com antibiótico, foi encaminhado ao nosso serviço. Ao exame, apresentava nódulos subcutâneos em pés e coxas, que regrediram espontaneamente, porém com manutenção da vasculite em pés e braços. Em retorno ambulatorial, apresentava cianose do terceiro quirodáctilo e reaparecimento dos nódulos dolorosos. A biópsia do nódulo evidenciou vasculite de pequenos e médios vasos, não granulomatosa com necrose fibrinóide, confirmando o diagnóstico de PANC. Introduzida terapêutica com diltiazem e prednisolona, com resolução das lesões.
Discussão:
A PANC é mais frequente na faixa etária pediátrica, com manifestações cutâneas como nódulos subcutâneos dolorosos, livedo reticular, úlceras superficiais e profundas, lesões isquêmicas dos dedos além de febre, artrite/artralgia e mialgia. As alterações isquêmicas podem ser confundidas com hematomas, retardando o diagnóstico, como no caso descrito, diagnosticado inicialmente como SMT. O diagnóstico da PANC é confirmado pela biópsia do nódulo evidenciando vasculite necrosante não granulomatosa de pequenos e médios vasos. A SMT é um diagnóstico que deve ser lembrado, nos casos sugestivos de hematomas, mas é importante a anamnese detalhada para descartar patologias orgânicas, visto seu impacto social e psicológico.
Conclusão:
A suspeita e identificação de SMT ainda é um desafio para os profissionais da saúde, requerendo anamnese e exame físico detalhados, descartando assim as causas orgânicas e evitando o impacto psicossocial de um diagnóstico errôneo.
