Introdução: A varicela é uma doença infecciosa viral que acomete mais frequentemente crianças. Habitualmente benigna e autolimitada, porém, pode associar-se a complicações graves, sendo as infecções bacterianas secundárias a principal causa de internação.
Relato de caso: Paciente de 7 anos de idade, previamente hígida, caderneta de vacinação atualizada (somente vacinas oferecidas pela rede pública) deu entrada no pronto atendimento infantil com quadro de varicela há 2 dias que evoluiu com lesão abdominal bolhosa extensa, com drenagem de secreção aquosa e áreas necróticas, estendendo-se em faixa para flanco esquerdo, grande lábio direito e períneo. Apresentava-se em mau estado geral e com sinais clínicos de choque. Aventadas as hipóteses diagnósticas de varicela complicada com choque tóxico e fascíite necrotizante. Evoluiu com piora hemodinâmica necessitando de suporte invasivo de ventilação e suporte vasoativo. Como outras complicações, apresentou infecção do trato urinário nosocomial por Klebsiela Esbl. Posteriormente, evoluiu com melhora progressiva do quadro cutâneo, com cicatrização por segunda intenção das lesões com perda de sensibilidade local. Recebeu alta hospitalar com orientações para retorno diário ao serviço para cuidados com as lesões e foi encaminhada para serviço ambulatorial de cirurgia plástica.
Discussão: A fasciíte necrotizante é uma doença invasiva caracterizada por destruição rápida e progressiva do tecido subcutâneo e fáscia superficial e, apesar de rara, deve ser considerada em casos de complicações secundárias à varicela por seus altos índices de morbimortalidade. A vacina tetra viral foi incorporada ao Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses de idade, o que implicou em redução considerável no número de internações do SUS.
Conclusão: Nosso relato de caso retrata uma complicação potencialmente fatal de uma doença infecciosa aguda, imunoprevenível, reforçando a importância de diagnóstico precoce e vacinação.
