RELATO DE CASO: TUMOR DE PINEAL E HIDROCEFALIA EM CRIANÇA INDÍGENA DA REGIÃO XINGU/AMAZÔNIA.

Resumo: INTRODUÇÃO: Tumores na glândula endócrina pineal são raros, 2% na faixa etária pediátrica. Subdividem-se em: germinativos, parênquima pineal, células da glia, tumores papilares e tumores diversos. Sendo mais frequentes os germinativos, comumente na faixa etária entre 10 e 14 anos. Podem causar sintomas como cefaleia, vômitos e distúrbios visuais pelo efeito de massa nas estruturas e aumento da pressão intracraniana pela compressão do aqueduto de Sylvius. O diagnóstico é baseado nos achados clínico-radiológicos, associado ao reconhecimento de marcadores tumorais. DESCRIÇÃO DO CASO: Criança de 9 anos, feminino, indígena de etnia Parakanã da região do Médio Xingu/Amazônia, admitida por vômitos e ataxia, há 40 dias. Previamente hígida, iniciou episódio de vômitos persistentes evoluindo com cefaleia, ataxia e afasia. Investigação diagnóstica com tomografia de crânio evidenciou hidrocefalia obstrutiva, submetida a derivação ventricular externa frontal direita. Após drenagem houve resolução dos vômitos e melhora da responsividade, permanecendo ataxia e afasia. DISCUSSÃO: Tomografia de crânio após drenagem ventricular externa evidenciou coleção tipo higroma fronto-temporal bilateral e inter-hemisférico, ventrículos aumentados, hidrocefalia obstrutiva, presença de imagem sugestiva de neoplasia em região pineal. Ressonância magnética de crânio com contraste mostrou área de restrição em difusão, em topografia de glândula pineal, em T2 com lesão expansiva sem captação significativa de contraste, confirmando a suspeita. Paciente encaminhada via transporte aéreo, para tratamento de neoplasia cerebral em serviço de referência na capital do estado. CONCLUSÃO: Os tumores de glândula pineal são raros, entretanto, é fundamental que crianças com quadro de síndrome da hipertensão intracraniana associado a ataxia, sejam prontamente investigadas para que o diagnóstico precoce permita melhor prognóstico. Devido isolamento geográfico da comunidade indígena, com necessidade de remoção aérea e dificuldade para acesso ao serviço de referência, houve um atraso do diagnóstico e agravamento do prognóstico por complicações da patologia.