RELATO DE CASO: SÍNDROME HEMOLÍTICA URÊMICA EM CRIANÇAS

INTRODUÇÃO
Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) é caracterizada por anemia hemolítica microangiopática não-imune, trombocitopenia e lesão renal aguda (LRA)(1). Sua incidência global em menores de 5 anos é de 6,1/100.000 habitantes/ano. Responsável por 50% das LRA em pediatria, o grau de envolvimento renal varia de hematúria até necessidade de terapia de substituição renal (TSR) (2). No Brasil, entre 2009 e 2018 foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação 112 casos, sendo 52% confirmados (3). Escherichia coli produtora de toxina Shiga O157:H7 (STEC) é principal causador de SHU em crianças (4).
DESCRIÇÃO DO CASO
Menino hígido, 21 meses, há 8 dias com febre, vômitos e diarreia sanguinolenta. Tinha leucocitose, hemoconcentração, E.coli em hemocultura. Teve melhora clínica recebendo hidratação hipotônica, zinco oral, ondansetrona e dipirona.
Depois de 5 dias voltou a ter febre e recebeu 1 dose de ceftriaxona. Evoluiu com anasarca, anemia, plaquetopenia e azotemia. Transferido para unidade de terapia intensiva (UTI) anúrico e sonolento.
Na UTI não recebeu antibióticos, manteve anuria após estímulos diuréticos. Após 16 dias em diálise peritoneal (DP), com hipertensão arterial, anemia e anuria foi transferido para serviço de referência.
DISCUSSÃO
A SHU é doença rara de alta morbimortalidade, com manifestações hematológicas que precedem LRA. Principal medida é manutenção da euvolemia com fluidos isotônicos (5) prevenindo hipoperfusão renal e hiponatremia (6). Leucocitose e vômitos aumentam probabilidade de SHU. Antibioticoterapia na diarreia invasiva e na SHU permanece controversa (4,7). Riscos associados a antibioticoterapia dependem da classe de antibiótico (8). Protocolos recomendam concentrado de hemácias e de plaquetas em casos específicos. LRA pode necessitar de TRS, usualmente DP. Em geral, doença renal crônica acomete 30% dos pacientes (9).
CONCLUSÃO
Tendo em vista manifestações iniciais da SHU comuns às diarreias invasivas, é imperativo manter suspeição clínica já que morbimortalidade é importante. Uso de antibióticos é incerto e mais estudos são necessários para estabelecimento de protocolo adequado.