Introdução
Sepse neonatal é a causa mais importante de mortalidade neonatal causada por uma grande variedade de bactérias. Relatamos o caso de um paciente que desenvolveu sepse neonatal por um patógeno raro.
Descrição do caso
Paciente deu entrada no nosso serviço com 10 dias de vida, apresentando ictericia, perda de peso e dificuldade para mamar desde a alta da maternidade aos 4 dias de vida. Ao exame físico de entrada no PS, apresentava ictericia Zona IV. Optado por internação para investigação diagnóstica e fototerapia. Porém, paciente evoluiu com piora clínica, hipoatividade e episódios de hipoglicemia, sendo optado por transferência para UTI. Realizado triagem infecciosa, com urocultura positiva para Enterobacter cloacae complex (ESBL) e hemocultura com crescimento de Pantoea dispersa. Realizou tratamento empírico com Ampicilina e Cefotaxima, após resultado das culturas, modificado antibioticoterapia para Amicacina. Evoluiu com melhora progressiva após inicio de antibioticoterapia.
Discussão
O gênero Pantoea dispersa é um Gram negativo, bacilo, móvel pertencente a família das enterobactérias. Já foram descritas sete espécies do gênero Pantoea. Geralmente são associadas a plantas (comumente associado a trauma com vegetais) e podem causar doenças em humanos. Sepse neonatal causada por espécies de Pantoea é muito rara. Apenas um artigo com dois casos foi descrito até agora na Índia. Nos casos reportados e neste os pacientes estavam em período neonatal, as hemoculturas positivaram para Pantoea dispersa e as mães não apresentavam critérios clínicos para sepse. De exame físico eles apresentaram em comum hipoatividade, hipoglicemia, choro fraco, baixa aceitação alimentar, baixo ganho ponderal e ausência de febre. Entretanto, nosso paciente apresentou hiperbilirrubinemia indireta, pouco responsiva a fototerapia com melhora apenas após antibioticoterapia e nos dois casos índices os pacientes apresentaram plaquetopenia e hemorragia intracraniana.
Conclusão
A sepse neonatal por espécies de Pantoea é uma causa rara de sepse neonatal. A detecção e uso de antibioticoterapia adequada diminui os riscos para o paciente.