RELATO DE CASO: PACIENTE FREQUENTE DO SERVIÇO DE URGÊNCIA E ATALHOS DE RACIOCÍNIO CLÍNICO

INTRODUÇÃO:

A doença crônica é um grande desafio para o paciente, sua família e para profissionais de saúde. No caso de adolescentes, podem prevalecer comportamentos de infantilidade e submissão ou de agressividade, rebeldia e não-aderência ao tratamento. O paciente com doença crônica é o tipo mais comum de usuário freqüente no serviço de emergência.

DESCRIÇÃO DO CASO:

Adolescente de 17 anos, sexo feminino, usuária freqüente do serviço de emergência de um hospital infantil, portadora de diabetes mellitus tipo 1, em acompanhamento no serviço de endocrinologia pediátrica e medicina do adolescente deste hospital, com inúmeras internações prévias por cetoacidose diabética (CAD) devido à má-adesão ao tratamento. Admitida na sala de emergência com rebaixamento do nível de consciência iniciado subitamente, desidratação, glicemia capilar 400mg/dL e cetonemia capilar 2,9mmol/L. Acompanhada da mãe que negava quaisquer outras queixas. Notado leve edema de membros inferiores. Recebeu expansão volêmica conforme protocolo de CAD, evoluiu com sinais de edema agudo de pulmão. Realizado ecocardiograma que demonstrou FEVe 27% e trombo em ventrículo esquerdo. Realizada tomografia computadorizada de crânio que mostrou acidente vascular encefálico isquêmico extenso de tronco encefálico.

DISCUSSÃO:

Alguns atalhos de pensamento, podem puxar o raciocínio sempre em uma mesma direção, induzindo a erros. O profissional de saúde que atende o usuário freqüente de serviço de emergência está mais propenso ao viés cognitivo, além de que esses pacientes muitas vezes despertam algum grau de envolvimento emocional estando ainda mais em situação de alto risco de erro. Devemos estar sempre atentos e usar estratégias anti-vieses de modo a aumentar a segurança diagnóstica.

CONCLUSÃO:

Grande parte das decisões médicas são tomadas usando heurísticas que predispõem a vieses, que por sua vez, são as principais causas de erros diagnósticos. “Quando ouvir o barulho de cascos, pense em cavalos não em zebras”. Mas lembre-se de que zebras existem!