RELATO DE CASO DE NEFRITE LÚPICA (NL) COMO MANIFESTAÇÃO ISOLADA DO LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO JUVENIL (LESJ) EM UMA ADOLESCENTE DE 11 ANOS.

Introdução: O acometimento renal no LESJ apresenta-se de diversas formas, manifestando-se desde achados urinários isolados no paciente assintomático até doença renal crônica terminal, representando importante causa de morbimortalidade.
Descrição de caso: E.G.O, 11 anos, sexo feminino, apresentou episódio agudo de edema, hematúria, oligúria e hipertensão arterial, compatível com Síndrome Nefrítica. Apresentava também importante comprometimento de função renal (Clearence de creatinina (Cl Crea) = 36,4). Devido histórico de infecção estreptoccócica e ASLO 1000, fez-se o diagnóstico inicial de Glomerulonefrite Pós Estreptocóccica (GNPE), ratificada pela presença de complemento consumido, instituindo-se medidas dietéticas e medicamentosas apropriadas. A despeito do tratamento, a criança evoluiu com piora inicial do edema e proteinúria nefrótica apesar da recuperação progressiva da função renal. Após 10 dias, recebeu alta com melhora clínica e laboratorial (Cl crea = 89,6). Na reavaliação precoce, apresentou piora da função renal, sendo feita a hipótese de GNPE crescêntica, sendo indicadas pulsoterapia com corticóide e biópsia renal. Considerados como diagnósticos diferenciais NL e Glomerulonefrite C3. A investigação laboratorial para LESJ resultou negativa, porém a biópsia renal revelou Glomerulonefrite Proliferativa Difusa com Crescentes Difusas mediada por Imunocomplexos (IgA, IgG, C1q e C3), histologia compatível com LESJ. Apresentou resposta pobre ao esquema isolado de pulsoterapia com corticóide, associando-se imunossupressão com ciclofosfamida. Segue acompanhando com Nefrologia e Reumatologia, recebendo pulsos mensais de ciclofosfamida e metilprednisolona, além de prednisona, diuréticos e anti-hipertensivos com melhora lenta e progressiva da função renal e proteinúria.
Discussão: A detecção precoce da NL é de extrema importância já que o acometimento renal pode diminuir em 88 a sobrevida em 10 anos. A biopsia é o padrão-ouro para o diagnóstico e deve sempre ser realizada na sua suspeita.
Conclusão: Devemos lembrar das etiologias da Síndrome Nefrítica pediátrica, não direcionando o raciocínio clínico apenas para a GNPE, reconhecendo apresentações não habituais de NL na população pediátrica.