QUEIMADURA CÁUSTICA DO TRATO DIGESTIVO EM LACTENTE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO
A ingestão de cáusticos por crianças é considerada uma importante emergência pediátrica,
de significativa morbimortalidade, sobretudo em pacientes de até 5 anos de idade.
DESCRIÇÃO DO CASO
Lactente, 1 ano, sexo masculino, admitido na emergência, após ingesta de soda cáustica em
escamas. Os responsáveis afirmaram que, após o incidente, ofertaram leite ao menor, que
apresentou vômitos e lipotímia. Ao exame físico, apresentava lesões na mucosa orofaríngea e
sialorréia intensa. Fora realizada a administração de inibidor da bomba de prótons, corticoideterapia
e solicitada internação em unidade de terapia intensiva.
Após transferência, seguiu-se a terapêutica orientada pela central de intoxicação, com
avaliação radiológica e endoscópica. A endoscopia evidenciou esofagite cáustica, grau 2A, pela
classificação de Zargar. Seguiu-se com monitorização, dieta por sondagem nasoenteral, observação
clínica rigorosa e antibioticoterapia profilática. Evoluiu com instabilidade respiratória, sendo
necessário suporte ventilatório invasivo. O rastreio imagiológico evidenciou áreas com
consolidações em lobos superiores e inferiores pulmonares, condizentes com pneumonite química
secundária a broncoaspiração. Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose, hiponatremia,
hipocalemia e acidose metabólica, sendo estes, preditores de lesão esofágica grave. Após 7 dias de
cuidados intensivos, evoluiu com melhora clínica, sendo encaminhado à enfermaria, dando
seguimento ao tratamento conservador.
DISCUSSÃO
A sintomatologia é variável e depende do nível de exposição, quantidade de substância
ingerida, tempo entre a ingesta e atendimento inicial. Sintomas como êmese, disfagia, dor
abdominal, dispneia, sialorréia e lesões orofaríngeas, são observados de forma precoce. O rastreio imagiológico com endoscopia digestiva alta (nas primeiras horas pós exposição), radiografia de tórax e tomografia computadorizada são indicados para classificação da extensão das lesões e orientar a terapêutica.
O tratamento inclui internação, dieta zero, hidratação parenteral e estabilização
hemodinâmica, não havendo consenso na literatura acerca do tratamento adjuvante. A endoscopia
digestiva alta precoce e exames de imagem são indicados para classificação da extensão das lesões
e orientar a terapêutica.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, a nível emergencial, a abordagem inicial objetiva a estabilização
hemodinâmica e perviedade das vias aéreas, bem como evitar o agravamento das lesões, abordando
os danos sistêmicos.